EFE
ROMA - Com a lesão do goleiro brasileiro Dida, que machucou o tendão da perna esquerda e pode ficar fora dos gramados por até três meses, chegou a 11 o número de jogadores na enfermaria do Milan, entre eles muitos veteranos, o que vem prejudicando o desempenho do time na atual temporada.
As muitas lesões se vêem refletidas em campo: a equipe vem de uma seqüência de quatro derrotas e um empate nos últimos cinco jogos, além de não ter mais chances no Italiano - está 22 pontos atrás da líder Inter de Milão, prejudicada pela punição da Justiça.
O rubro-negro de Milão só se salva na Liga dos Campeões, onde ocupa o primeiro lugar de um grupo que pode ser considerado um dos mais fracos da história da competição, com AEK Atenas, Anderlecht (BEL) e Lille (FRA).
Dida se junta aos também brasileiros Cafu e Serginho, o croata Simic, o georgiano Kaladze e os italianos Favalli, Nesta, Costacurta, Gattuso e Ambrosini - curiosamente oito jogadores do setor defensivo, com exceção deste último.
Para alívio do técnico Carlo Ancelotti, quem está mais perto de voltar é Kaladze, que deve estar em campo no próximo sábado contra o Messina, pelo Italiano. Além disso, Nesta, Simic e Cafu devem retornar em breve.
Por outro lado, os casos mais graves são os de Dida, Gattuso, Costacurta e Favalli, que só voltam em dois ou três meses, segundo o departamento médico.
Como quase todas as lesões são fruto de dores musculares - uma exceção é Serginho, com uma hérnia de disco -, surgem dúvidas quanto à preparação de uma equipe que teve de ser forçada a disputar a fase preliminar da Liga dos Campeões, o que deixou pouco espaço de férias a jogadores que foram à Copa.
Porém, talvez seja preciso unir a esta desculpa a elevada idade de um elenco com 12 atletas que superam os 30 anos: Dida (33), Cafu (36), Costacurta (40), Favalli (34), Fiori (37), Filippo Inzaghi (33), Kalac (34), Paolo Maldini (38), Nesta (30), Clarence Seedorf (30), Serginho (35) e Simic (31).
Somada, a defesa titular (o goleiro Dida, os laterais Cafu e Kaladze e os zagueiros Costacurta e Maldini) chega aos 175 anos de idade.
Diante desta infeliz estatística, única no 'calcio', a diretoria já pensa em renovar o time para a próxima temporada, mas já dando alguns retoques no mercado de inverno de janeiro. A idéia é encontrar companheiros para jovens valores como o brasileiro Kaká, o francês Gourcuff e o italiano Gilardino.
O problema é arrumar dinheiro, que deveria sair do bolso de Silvio Berlusconi, proprietário do clube. Após anos de bonança econômica, batendo recordes e não poupando esforços para contratar, o cofre não parece estar tão cheio assim.
Por enquanto, o próprio Berlusconi e seu braço direito, o administrador delegado Adriano Galliani, já se encarregaram de dizer nas últimas semanas que era impensável realizar 'loucuras econômicas' como a vinda do meia-atacante brasileiro Ronaldinho Gaúcho, do Barcelona.
Nos últimos dias, Galliani defendeu-se das críticas sobre a ausência de grandes contratações apontando ao 'milagre espanhol'.
Para Galliani, os clubes espanhóis são 'um grande perigo para os italianos no futuro, já que na Espanha há situações econômicas melhores para os clubes, como menor pressão fiscal e direitos de televisão maiores'.
De fato, ele pede mais ajuda do Estado aos clubes, agora que o Governo estuda aplicar os 'direitos de imagem coletivos'. Se isso não acontecer, a fonte pode secar ainda mais e o futebol italiano, a exemplo do Milan, ficar repleto de veteranos diante do êxodo de jovens talentos para outros centros.