Vazamentos controlados
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A NBA nos presenteou com três histórias que parecem não ter relação, mas que têm mais em comum do que imaginamos. Em uma temporada regular dominada pelo correto, porém pouco midiático, time do Oklahoma City Thunder, a máquina de narrativas e especulações da liga entrou em ação. Seus alvos? Zion Williamson, do New Orleans Pelicans, Giannis Antetokounmpo, do Milwaukee Bucks, e Chris Paul, do Los Angeles Clippers.
Vamos começar por Zion. O jovem de 25 anos era a esperança de dias melhores para o time da Louisiana quando foi selecionado com a primeira escolha do Draft de 2019. Era. Quando ele está em quadra, é um jogador produtivo. O problema é que raramente está em quadra. As lesões constantes e um comportamento errático fora das quatro linhas levaram a diretoria dos Pelicans ao limite da paciência.
Assim surgiram os primeiros posts de que o time quer trocar Zion. Mas qual é o valor atual do jogador? Quem vai assumir esse pacote que envolve problemas físicos e comportamentais, além de um gordo contrato de mais de 120 milhões de dólares até 2027? Essa é a pergunta que a diretoria dos Pelicans quer responder. E qual a melhor forma de descobrir do que jogando “nas internets”?
Outro nome que parece estar no mercado é o astro Giannis Antetokounmpo. De acordo com o jornalista da ESPN americana Shams Charania, Giannis está insatisfeito com as recentes decisões de montagem de elenco do Bucks e deseja ser trocado. A gota d’água foi a forma como o time tratou o armador Damian Lillard, dispensado ainda durante o tratamento de uma lesão no tendão de Aquiles. A história ganhou tração e surgiu até um possível destino para Antetokounmpo: o New York Knicks. Nesta era da NBA (vide a troca de Luka Doni), trocar superestrelas se tornou normal. A questão aqui é como “motivar” diretorias a procurar o Bucks para uma negociação. Um bom e velho vazamento ajuda nesse sentido. E, neste caso, dificilmente veio de alguém do Bucks — talvez de alguma parte interessada na troca.
Por último, a melhor guerra de narrativas da semana: Chris Paul x Los Angeles Clippers. Paul, lendário jogador da franquia e, historicamente, uma pessoa de gênio complicado, foi dispensado no meio da noite durante a “tournée” do time pela Costa Leste. CP3 não se fez de rogado e postou, ainda na madrugada do dia 3, que estava “open to work”. A internet enlouqueceu. Como tratar uma lenda dessa forma? Foi aí que começaram os relatos, com riqueza de detalhes, de atritos do jogador com o técnico Ty Lue, com James Harden e com a diretoria dos Clippers. Nesta troca de narrativas entre jogador e franquia, os Clippers já perderam. Perderam pelo histórico de não cuidar bem de seus atletas e por não prever o impacto que a volta de Chris Paul traria para o time atual.
Na guerra de narrativas, quem ganha são as plataformas, com seu engajamento alimentado por posts passionais. Mas será que é isso que a NBA precisa neste momento?