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Na despedida de Renan Dal Zotto, Brasil vence a Itália e se classifica às Olimpíadas de Paris

Seleção brasileira masculina venceu seis dos sete jogos do Pré-Olímpico, disputado no Brasil; técnico pediu demissão na noite deste sábado

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 08/10/2023 às 15:47

Alterado em 08/10/2023 às 15:52

Atletas levantam Renan Dal Zotto em sua despedida Foto: Mauricio Val/FVImagem/CBV

A seleção brasileira masculina de vôlei está classificada para as Olimpíadas de Paris. Neste domingo (8), no embalo de um Maracanãzinho lotado, o Brasil venceu a Itália - um de seus maiores rivais - por 3 sets a 2, pela última rodada do Pré-Olímpico, e garantiu seu lugar nos Jogos de 2024. A vitória veio de virada: parciais 25/23, 23/25, 15/25, 25/17 e 15/11. Logo após a partida, com a vaga nas mãos, o técnico Renan Dal Zotto pediu demissão do cargo.

O Brasil garantiu a segunda vaga em disputa no Grupo A do Pré-Olímpico, atrás da Alemanha, maior surpresa da competição. Na campanha, o time canarinho venceu: Catar (3x0), República Tcheca (3x2), Ucrânia (3x2), Cuba (3x1), Irã (3x0) e Itália - que vai precisar buscar seu lugar nos Jogos por meio do do ranking, assim como Cuba, outra equipe da chave que buscava a classificação.

Na chave disputada no Japão, se classificaram Estados Unidos, com sete vitórias em sete jogos, e Japão, com cinco vitórias e duas derrotas. Na China, os classificados foram Polônia, também com 100% de aproveitamento, e Canadá, com cinco vitórias e duas derrotas.

Novo ciclo

Renan comunicou a decisão de deixar a seleção na noite de sábado, véspera do jogo decisivo. No hotel onde a equipe está hospedada, no Rio de Janeiro, conversou com Radamés Lattari, presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), e anunciou que não comandaria mais a equipe, independentemente do resultado da partida contra a Itália. Jogadores e comissão técnica não foram avisados. O técnico temia que o anúncio atrapalhasse a concentração antes do jogo.

A verdade é que o treinador chegou ao Pré-Olímpico pressionado por conta dos maus resultados na Liga das Nações e na perda do Sul-Americano. No fim, porém, garantiu o principal objetivo da temporada ao levar uma das vagas para as Olimpíadas do ano que vem.

"Eu tomei uma decisão essa semana, falei com a minha esposa. É hora de dar uma pausa. Decisão familiar, vou me afastar da seleção brasileira, mas não do vôlei. Uma orientação médica também por tudo o que passei em 2021. Os jogadores não sabem, a comissão técnica não sabe, vou conversar com eles agora no vestiário. Me afasto da seleção, mas não do vôlei, que é a minha vida, onde estou há 50 anos", declarou o comandante, depois do confronto.

Após a vitória sobre a Itália, Renan foi direto no setor onde a mulher, Annalisa Blando, estava nas arquibancadas. Depois, ao voltar para quadra, foi questionado por Radamés se manteria a decisão mesmo com a vitória. Respondeu que sim e depois confirmou publicamente em entrevista à TV Globo.

Os jogadores passaram pela área de entrevistas sem saber da decisão do técnico. Capitão da equipe, Bruninho foi avisado por Radamés ao pé do ouvido, enquanto Renan ainda falava com a imprensa.

"Não consigo nem pensar nisso nesse momento, cara. Você vem com uma notícia dessas, que pega a gente de surpresa. Eu não sei o que ele está alegando. O Renan é um cara muito importante para nós, sempre foi um cara que nos momentos mais difíceis esteve junto, deu a mão. Ele tem essa liderança de uma maneira diferente do que era meu pai e outros treinadores", afirmou Bruninho em entrevista.

O novo treinador ainda será anunciado pela CBV. Bernardinho, atual coordenador de seleções e maior técnico da Amarelinha da história, é o nome mais forte para voltar ao comando da seleção.

Renan assumiu a seleção em 2017, após o adeus de Bernardinho à equipe. Desde então, acumulou bons e maus momentos. No início, conquistou a Copa dos Campeões, em 2017, e a Copa dos Campeões, em 2019. Depois, na Liga das Nações de 2021, o técnico não estava no banco. À época, ele ainda se recuperava da infecção por Covid, que o deixou 36 dias internado em um hospital no Rio de Janeiro. Carlos Schwanke foi o treinador na campanha.

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