ESPORTES
NAS QUADRAS - Tudo sobre basquete
Por PEDRO RODRIGUES
[email protected]
Publicado em 21/09/2022 às 19:58
Alterado em 21/09/2022 às 20:04
. .
Entrevista com Leigh Ellis
Os australianos parecem que estão sempre de bem com a vida. É só encontrar um, que a conversa flui fácil e o riso é uma certeza. No mundo da NBA, podemos dizer que existe um australiano muito de bem com a vida. O analista e podcaster Leigh Ellis faz parte do podcast “NoDunks, o maior podcast do portal “The Athletic”. Ao lado dos canadenses JD, Tas Melas e o americano Trey Kirby, o quarteto faz uma cobertura leve, divertida e apaixonada da NBA. Ellis funciona em múltiplos níveis, seja como escada para um quadro com uma pegada mais engraçada ou com insights importantes sobre o que acontece em quadra. Conversamos com Leigh por e-mail para esta entrevista. Aproveitem.
Leigh, muito obrigado pelo seu tempo. Você entrevistou, viu e chegou a jogar com alguns dos seus ídolos da infância. Como descreve a sua jornada de fã na adolescência até analista e podcaster da NBA?
Leigh: É uma sensação surreal. Cresci em Melbourne, na Austrália, tentando seguir a NBA antes da Internet e da TV a cabo (na Austrália) e agora completei 12 anos como analista de TV e podcaster. Confesso que sempre sonhei em jogar na NBA e, embora não tenha ido tão longe, gosto de pensar que cheguei à liga. Afinal, meus companheiros de trabalho na NBA TV eram alguns dos jogadores que tinha como ídolos quando criança. Um deles era o Isiah Thomas (Ex-Detroit Pistons). Ele sempre foi muito legal comigo. Gosto de sonhar grande, mas nunca pensei que minha jornada para cobrir a liga teria acontecido do jeito que aconteceu.
Se você pudesse voltar para os idos de 1989 e 1990 e dizer ao seu eu mais jovem que um time que teria o arremesso de 3 pontos como principal arma seria uma das maiores dinastias da NBA, você acreditaria no seu eu mais velho?
O jogo está sempre evoluindo, e levou muito tempo para as equipes perceberem o quanto o arremesso de três pontos é valioso. Agora que estamos nesta era, é praticamente impossível ver o jogo voltar para quando os grandes homens dominavam o jogo do poste baixo. Hoje em dia, todos os grandes como Jokic, Embiid e Giannis precisam ter uma cesta de três pontos como parte de seu arsenal. Quanto a contar ao meu eu mais jovem, lembro-me de assistir e amar o RUN TMC Warriors com Chris Mullin, Tim Hardaway e Mitch Richmond, e sentir que eles foram um dos primeiros times a tentar arremessar três para ganhar jogos. Funcionou até certo ponto na temporada regular, mas não nos playoffs. No entanto, isso foi há 30 anos e desde então as equipes se tornaram mais eficazes no arremesso.
Hoje a NBA é uma liga internacional. Giannis, Jokic e Doncic dividem os holofotes com jogadores americanos como Durant e Lebron. É hora de ter um prêmio para o melhor jogador internacional da NBA? O Prêmio Drazen Petrovic, ou algo assim?
Dado que os últimos quatro MVPs foram ganhos por jogadores não americanos, não acho que haja necessidade do prêmio especial para estrangeiros. Atrás do futebol, o basquete é o maior esporte do mundo, e estamos vendo jogadores de todo o mundo dominarem o basquete. É muito melhor para a liga ter estrelas de todo o planeta porque adiciona muito mais criatividade e talento à liga.
A última pergunta é uma pegadinha: jogo na linha 2 segundos. Você é o treinador e tem que escolher entre Rodman, Shaq e Dwight Howard para acertar os lances livres finais. Quem você escolhe e por quê?
Pergunta difícil, difícil, mas eu vou com Shaq. Ele era um arremessador de lances livres notoriamente ruim, e ele foi a razão pela qual temos o rótulo "Hack-A" adicionado a pessoas que não atiram bem, mas ele acertou grandes o suficiente ao longo de sua carreira para me fazer acreditar que ele poderia fazer um para ganhar o jogo.
Você encontra o podcast “NoDunks" aqui.
Eat the Rich
Tem algo de muito estranho acontecendo nesta punição a Robert Sarver, dono do Phoenix Suns. Vejam, por exemplo, o comissário Adam Silver. Silver tem experiência para tratar de assuntos deveras espinhosos e sempre se mostrou seguro e no controle da situação. Causou bastante estranheza a gagueira e respostas vagas na coletiva sobre a punição de Sarver aqui:
Comparem a coletiva de Silver para o complicadíssimo caso de Donald Sterling em 2014 aqui:
Silver, e por consequência a NBA, falar que “não sabia do que acontecia no Phoenix Suns" chega ser uma declaração risível. Quando o ex-GM Ryan McDonough contou aos 4 ventos que o dono colocou bodes, literalmente, na sala dele porque estava à procura do GOAT (bode em ingles) todos riram e colocaram como folclore da NBA.
O argumento de que a NBA não pode influenciar como um time é gerido cai por terra quando a própria Liga contrata uma empresa para realizar o "compliance" do Suns. É ou não interferência? Que empresa é essa que irá auditar o time por 3 anos? Se a auditoria apontar um problema? Quem resolve? A NBA, os donos de times ou os sócios minoritários do Suns?
Falando em sócios minoritários, os movimentos dos bastidores do segundo maior dono do Suns, Jahm Nafati, são dignos de atenção de todos. Nafati possui um fundo de investimentos que tem como missão "Do well and do good (em tradução livre "Fazer bem o Bem"). Ter no seu portfólio uma instituição como o Suns com ambiente reconhecidamente tóxico e principalmente perdedor, não faz bem para a imagem do fundo. Por isso a presença cada vez maior do discretíssimo Nafati em partidas do Suns que agora até aparece em entrevistas.
Para o torcedor fica a pergunta: como fica o time? Pela temperatura do assunto vai ser muito difícil o Suns conseguir emplacar uma troca ou assinar um agente-livre que esteja em algum leilão com outro time. Afinal, quem quer ser o responsável por ajudar a instituição do Sarver a ser vitoriosa? E nem vou falar de arbitragem aqui.
Tem muita água para passar por essa ponte. Para fechar: uma pequena anedota. Os valores do fundo Nafati são: Integridade, Transparência, Paixão e Inteligência. Faltou tudo isso ao Suns quando não preferiu Luka Doncic como sua escolha número 1 do draft...