Sorria

Dezembro deixou um gosto amargo para os fãs da NBA. A maior liga de basquete do mundo não ficou imune à variante Ômicron do Coronavirus, e dia após dia deu noticias de jogadores e treinadores que não poderiam participar de jogos devido à contaminação com o vírus. Bulls, Jazz, Wolves, Hawks tiveram times completamente desconfigurados com jogadores da G-League ou mesmo veteraníssimos como Greg Monroe, no Wolves, e Joe Johnson, no Celtics.

O fã precisava de algo bom para lembrar porque ele ama a NBA e a NBA precisava de uma boa história para começar 2022 com outro astral. E ela veio diretamente da Califórnia. No dia 10 de janeiro, depois de 941 dias de espera, Klay Thompson entrou em quadra para disputar uma partida da NBA. Sua última participação foi no jogo 6 das finais de 2019. Desde então, foram muitos vídeos na web, participações nas transmissões de TV do Warriors e muita reabilitação. No final de 2021 surgiram boatos da volta do craque e alguns apostavam que ele voltaria no jogo de Natal contra o Suns. Ainda não. Para atiçar mais os fãs que esperavam ansiosamente a sua volta, surgiram rumores de um suposto vídeo em que ele acertava mais de 70 arremessos de 3 seguidos.

 

Muita especulação, mas o fato ocorreu mesmo no dia 9 de janeiro no jogo contra o bom time do Cleveland Cavaliers. E não adianta dizer que não, porque todo mundo deu um salto do sofá quando ele simplesmente passou por toda a defesa do Cavs e enterrou com uma só mão. No final, seus números foram, ora bolas, de Klay Thompson: 17 minutos, 3 rebotes e uma assistência. E isso com apenas 20 minutos em quadra. O camisa 11 está de volta!

Chegamos a 2022 e mundo da NBA está se re-apaixonando pelo Golden State Warriors. O clima lembra muito 2013, 2014 em que todo mundo começou a notar aquele time que desafiava o dogma da NBA com seus arremessos de 3 pontos capitaneado pelos Splash Brothers. Vieram os títulos e com eles foi-se o rótulo “daquele time que todo mundo gosta”. Essa fase passou. O “Dubs" hoje luta jogo a jogo contra o Suns pelo primeiro lugar na conferência Oeste e Steph Curry pode, e deve ser o MVP da temporada regular.

O mais importante de tudo para a NBA foi limpar um pouco o ar de tudo que passou no final do ano passado e se concentrar no que ela tem de melhor: seus fantásticos jogadores. Porém...

 

De novo, cara!

Na mesma semana que Klay Thompson voltou às quadras com as merecidas reverências, outro retorno marcou a primeira semana da NBA em 2022. Na queda de braço da liga contra um dos seus maiores astros, o jogador venceu. Depois de muita polêmica e discussão, o Brooklyn Nets promoveu a estreia na temporada de Kyrie Irving no jogo contra o Indiana Pacers.

Naquele dia 6 de janeiro, Kyrie podia sorrir à vontade já que seu desejo foi atendido. Ele entrou em quadra por seu time, escolhido a dedo com seu chapa Kevin Durant, para jogar mesmo sem estar vacinado contra a Covid-19. Sem poder jogar no próprio ginásio no estado de Nova York, cabe a Irving jogar fora de casa. E em estados americanos que não tenham restrições a não-vacinados.

Duas coisas me impressionaram muito neste retorno de Irving. Em 1992, depois das Olimpíadas de Barcelona, Magic Johnson assinou um contrato com o Lakers para voltar a jogar. Devido a sua condição de HIV-positivo não era um contrato para jogar todos os jogos da temporada. Seriam somente alguns jogos em casa. Obvio que naquele contexto do começo dos 90 a carga de preconceito com HIV positivo era muito maior, mas era o Magic Johnson. Diversos jogadores se posicionaram contra a participação de Magic. Somente em 1996 Johnson voltou à liga sem restrições dos jogadores.

No caso de Irving nenhum jogador se posicionou. Nenhum. Tá tudo bem para o pessoal que joga contra o cara. Mesmo os times da conferência leste que podem ser prejudicados com derrotas para o Nets!

Para piorar, no tribunal da internet, seus 22 pontos, 4 assistências e 3 roubos de bola o absorveram da insanidade da situação. O assunto mudou: o que se fala agora é como colocar Irving em quadra por mais jogos. Pagando multas? Tudo bem!

O Nets já carregava um peso na percepção do público. Desde a chegada de Durant, Irving e Harden a pressão por título se torna absurda. Será que valem movimentos como colocar Kyrie em quadra a qualquer custo e o Nets ficar com a reputação de maior ‘vilão“ da NBA? É possível. Especialmente se encontrar na final um tal de Golden State Warriors.