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NAS QUADRAS - Tudo sobre basquete

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Por PEDRO RODRIGUES, [email protected]
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Publicado em 21/09/2021 às 19:58

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'Rebranding'


No mercado de tecnologia, quando falamos em atrair talentos e atenção, algumas empresas sempre aparecem. São os grandes nomes da tecnologia que ditam tendência e efetivamente são atores fundamentais no mundo atual. Empresas como o Google, Apple, Facebook e Amazon, e até mesmo startups promissoras, atraem um público cada vez maior, jovem e consumidor.


Macaque in the trees
Petrovic observa a seleção em jogo contra a Croácia no Pré-Olimpico de Split (Foto: Foto: Thierry Gozzer/ Flickr Imprensa Basquete Brasil)

 

Por que citamos empresas de tecnologia por aqui? Calma, vocês vão entender. Na última segunda-feira, dia 13, a Confederação Brasileira de Basquete, CBB, informou oficialmente que o Croata Aleksandar "Aço" Petrovi não será mais o técnico da Seleção Brasileira Masculina de basquete. O técnico Croata assumiu a seleção em novembro de 2017 e, se não conseguiu atingir o objetivo máximo (para os padrões atuais), que era a vaga Olímpica, pelo menos fez times competitivos. Na época da contratação de Petrovic a CBB mostrou uma face diferente do mercado. Enquanto todos apostavam em José Neto, campeão de absolutamente tudo pelo Flamengo, Gustavo de Conti ou Demetrius para assumir a “amarelinha", a equipe de Guy Peixoto inovou e buscou um nome Europeu para tentar dar um rumo à Seleção. Teve renovação? Sim, mas muito tímida. Quando os campeonatos como Copa do Mundo e Eliminatórias exigiam maior talento, não teve jeito e apelamos para os sempre excelentes veteranos, como Alex Garcia e Anderson Varejão. Nesta renovação, podemos destacar Didi Louzada, do New Orleans Pelicans, e Yago, do Flamengo, como alguns pilares para o presente do nosso time. Porém, foram 140 caracteres que acabaram com o prestígio do técnico. Em um tuíte, ele apontou as falhas do time nomeando jogador a jogador, jogando a culpa do fracasso no Pré-Olimpico de Split somente nos jogadores. Ali o clima azedou de vez e a saída era uma questão de tempo. Conversamos com o canal LivebasketBr sobre a saída do técnico.

 

 

E aí chegamos em setembro de 2021, onde a CBB tem que escolher o novo técnico da Seleção Brasileira. O nome favorito é o técnico do Flamengo Gustavo De Conti. De fato, é o nome natural e mais competente para assumir a seleção. Mas o que o novo irá comandar de verdade? Hoje, qual o status da seleção Brasileira perante o público? Como vender uma renovação para uma audiência em massa que só acompanha esportes olímpicos quando há garantia de vitória? E para melhorar a situação existe uma pequena sombra chamada NBA, que muda sempre o rumo da conversa sobre basquete no Brasil e no mundo.

Macaque in the trees
140 caracteres depois…. (Foto: Foto: reprodução)

 

O desafio técnico nós conhecemos muito bem e não será fácil. O Brasil precisa hoje montar um time com parte de seus jogadores da geração do Pré-Olimpico de 2011, como Hettsheimer, do Bauru, e Victor Benite, do Burgos, seus NBAs (Raul Neto do Wizards e Didi Louzada do Pelicans) e muitos talentos do NBB. Muitos mesmo. Nomes como Georginho, Lucas Dias, Yago, Lucas Mariano, E, é claro, renovar com jovens talentos como Gui Santos e Tulio da Silva. Para renovar e tornar o time competitive, os resultados têm que ser relevados por um bem maior. Será que teremos maturidade para isso? Historicamente, a resposta desta pergunta é um enfático “não”. E não se esqueçam que o ciclo Olímpico desta vez será mais curto, com apenas três anos para montarmos uma equipe. O ideal seria um técnico que ficasse pelos dois ciclos, com garantia de emprego até mesmo depois das Olimpíadas de Paris, em 2024. Como a continuidade depende da eleição da CBB em 2025, talvez não seja possível se comprometer com uma comissão técnica por tanto tempo.

Se existe um lado positivo nesta história toda se deve ao fato que hoje o basquete Brasileiro não tem problema para achar um bom técnico. Quando o primeiro estrangeiro assumiu a seleção, o Espanhol Moncho Monsalve em 2008, a situação era completamente diferente. Existe quase que um rodízio de técnicos e uma relação desgastada com as estrelas da época. Em 2021, a situação é completamente diferente. Além do favorito DeConti, temos José Neto, da seleção Feminina, Demetrius, Léo Figueiró, Guerrinha, até mesmo o veterano Cláudio Mortari que vem de bons trabalhos nos últimos NBB. Esse fato é muito importante para os dirigentes do basquete nacional. Reparem que precisamos de mais de 10 anos formando de forma diferente profissionais para conseguirmos atingir uma maturidade em uma categoria. Em 2008, mesmo que no atropelo e improviso, percebeu-se que não dava para manter a mesma fórmula para atingir os resultados. É preciso que todos os envolvidos no basquete nacional percebam que o mundo mudou, e viver de nostalgia não está funcionando. Se querem um exemplo, comparem a reação do público dos anos 2000, quando Nene pediu dispensa da Seleção , com a reação de agora, quando Raulzinho e Didi pediram dispensa. A mentalidade mudou e a NBA é a prioridade.

Ou seja, a Seleção Brasileira de basquete de tantas glórias, bicampeã mundial, medalha de ouro no Pan de 1987, hoje é para um público de um nicho. E não temos jogadores na NBA como tínhamos até a década passada. O brilho ainda existe, mas fica cada vez mais opaco a cada ano que passa. Urgência é pouco para o reposicionamento da Seleção, seja dentro quanto fora de quadra. E não será apenas trocando de técnico que o Brasil voltará a ter uma seleção forte.

Pé na porta

O NBB lançou a sua tabela e já começa muito bem. Logo no primeiro jogo, no dia 23 de outubro, teremos um Flamengo e São Paulo no ginásio do Morumbi. E existe uma esperança, com a melhora no controle da pandemia e o avanço da vacinação, de que este jogo já terá público. Tomara.

A tabela completa está aqui.


 

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