A posição do PMDB de Santa Catarina no segundo turno da disputa presidencial já começa a se transformar em polêmica um dia após a eleição. Lideranças de peso se dividem entre o apoio a José Serra, do PSDB, e Dilma Rousseuff, do PT.
O partido, que tem a maior estrutura no Estado com 114 prefeitos, é o mais cobiçado pelas coordenações de campanha de Serra e Dilma. Mas figuras como o ex-governador Paulo Afonso Vieira e o senador eleito Luiz Henrique da Silveira já se encontram em lados opostos no segundo turno. Na tarde desta segunda-feira (4), Silveira conclamou os peemedebistas a trabalharem pela candidatura de Serra. Em coletiva, ele afirmou que pelo menos cem prefeitos irão pedir votos para os tucanos.
"Faço isso por gratidão. O PSDB e DEM foram partidos que me deram sustentação no governo", disse. "Andei pelo Estado e agora vejo que teremos pelo menos cem prefeitos indo às ruas e pedindo votos ao Serra".
Com 1,8 milhão de votos, o senador eleito Luiz Henrique conquistou o seu 12º mandato consecutivo e saiu ainda mais fortalecido no quadro político catarinense: foi o primeiro a bancar a candidatura de Raimundo Colombo (DEM), vencedor no primeiro turno. O ato gerou muita discussão e polêmica no PMDB local. "Hoje viram que eu estava certo, se nos uníssemos, venceríamos com folga. E foi isso que aconteceu", disse. "E eu digo que vamos com Serra".
Decisão do diretório
O presidente do PMDB catarinense, deputado federal João Mattos, destacou que o partido irá manter a decisão tomada em convenção e continuará trabalhando na campanha do PT à presidência. Acompanhado do ex-governador Paulo Afonso Vieira, Matos conversou com o governador eleito Raimundo Colombo na Assembleia Legislativa e pregou a "coerência" na atitude dos peemedebistas.
"Somos coerentes e vamos orientar o PMDB a seguir as determinações da nossa convenção. Michel Temer é o presidente nacional do nosso partido".
O presidente peemedebista disse que esperava um desempenho "melhor" da ex-ministra nas urnas e ressaltou que lideranças políticas que passaram o primeiro turno empenhadas nas eleições ao governo do Estado e Senado deverão participar da campanha pela candidata. "A posição oficial do partido é de apoio a Dilma e Temer. Não vamos pregar a infidelidade partidária", afirmou. "Esperávamos um equilíbrio maior na campanha em Santa Catarina na questão presidencial. Vamos usar a militância peemedebista que estava envolvida em campanhas locais para restabelecer essa diferença".