O diretor-geral da Sindus, Luis Fernando Binotto, explica que o negócio vai trazer ganhos significativos para a empresa brasileira e atende interesses estratégicos do grupo austríaco. Aproveitando o know-how da Andritz, que também possui uma divisão voltada à área de manutenção, a Sindus vai poder aumentar o seu portifólio de serviços. A empresa, que já oferecia gestão de manutenção para as áreas elétrica, de instrumentação e de automação, vai passar a atender também a parte mecânica. ´Isso dobra o valor de um contrato´, diz Binotto.
Para a Andritz, o negócio vai possibilitar uma maior presença na área de serviços na América do Sul, região que tem atraído inúmeros investimentos em papel e celulose. ´Em termos de celulose o Brasil é o país mais competitivo do mundo´, diz Binotto, lembrando que a Sindus também atende os setores químico e de siderurgia, mas é do segmento de papel e celulose que vem 80% do faturamento da empresa. ´É um setor bem agressivo em terceirização´, afirma. Outra vantagem para a companhia gaúcha, observa o executivo, será a possibilidade de atuar em outros países da América do Sul a partir dos negócios da Andritz já existentes. ´Com a Ásia puxando a demanda por celulose, o Sul do Brasil e a América do Sul têm vantagens logísticas´, observa Binotto, referindo-se às unidades já anunciadas para o Rio Grande do Sul e o Uruguai.
Segundo Binotto, apesar de a regra entre empresas de porte tão distinto ser a aquisição de uma pela outra e não uma associação, o interesse comum foi o compartilhamento do controle e do capital. ´Manter uma empresa de serviços sem as pessoas-chave é mais complicado. Porque quem compra não pode comprar relacionamento´, avalia Binotto. Como todos os concorrentes da Sindus no Brasil são grandes multinacionais, ele admite que a associação também é uma questão de sobrevivência para a empresa em um horizonte de médio e longo prazos.
Além de manutenção industrial, a Sindus fabrica analisadores de gás para o controle do nível de emissão de poluentes na atmosfera, parte que contribui com 10% da receita da empresa - R$ 43 milhões ano passado e R$ 56 milhões previstos para 2007. Fundada há 10 anos por seis engenheiros oriundos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), a Sindus tem hoje como clientes grandes empresas como Aracruz, Suzano, CST, Solvay, Klabin, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Vale do Rio Doce, entre outros.
Já a Andritz foi fundado em 1852 e, além do setor de celulose e papel, que representa cerca de 60% de seus negócios, também fornece plantas completas para outros segmentos da indústria. A Andritz tem conseguido uma participação relevante nas últimas unidades de celulose que estão se instalando na América do Sul. Entre os seus clientes está a Botnia, empresa que está construindo uma fábrica no Uruguai, próximo à fronteira com a Argentina, fato que desencadeou uma crise diplomática entre os dois países.
(Caio Cigana - InvestNews)