ASSINE
search button

Bancos apóiam iniciativas para combater lavagem de dinheiro

Compartilhar

Agência EFE

MIAMI - Os bancos da América Latina apóiam as iniciativas para combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, mas é necessário ajustá-las à realidade da região, sugeriu nesta terça-feira em Miami o presidente do Banco Central da Argentina, Martín Redrado.

A perspectiva regional, segundo Redrado, é fundamental para que os sistemas financeiros obtenham melhores resultados nessa luta e minimizem os impactos causados por alguns regulamentos internacionais.

Redrado falou sobre o tema na conferência anual de Prevenção de Lavagem de Dinheiro da Associação de Bancos Internacionais da Flórida (Fiba), na qual 1.100 banqueiros de 38 países da América Latina, Estados Unidos e Europa participam. A reunião termina na quarta-feira.

Após ratificar o apoio da região às estratégias que buscam combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, advertiu que qualquer esforço que não leve em conta as características particulares da América Latina poderia ser contraproducente.

Nesse contexto, mencionou que uma das conseqüências de não especificar um dos elementos dos regulamentos, chamado a 'devida diligência', é o aumento do custo da abertura e manutenção de contas correspondentes, algo que afetou fortemente os sistemas financeiros da região, e principalmente os pequenos bancos.

Isto fica claro no número de contas correspondentes que fecharam nos últimos anos. No caso da Argentina, foram mais de 200 no período entre março de 2001 e setembro de 2005, segundo Redrado.

Acrescentou que, no mesmo período, quase 50 instituições financeiras, tanto públicas como privadas, viram o fechamento das contas correspondentes.

- O impacto é direto na Argentina e em outros países, pois os negócios estão sendo transferidos para os bancos europeus - declarou Redrado a jornalistas, ao encerrar seu discurso.

"O fato de você ter centenas de pessoas do setor privado reunidas aqui mostra que há uma preocupação do setor privado na Flórida e nos EUA, porque estão perdendo negócios', destacou.

Na conferência, esclareceu que nenhum desses casos apresentou problemas de lavagem de dinheiro, nem de financiamento do terrorismo, e acrescentou que a análise da situação determinou resultados parecidos, por causa do impacto dos regulamentos nos negócios de correspondentes da América Latina.

Redrado enfatizou que estes resultados não têm relação com os objetivos perseguidos pelos regulamentos para combater os delitos internacionais, e alertou que se esta tendência continuar, a informalidade nos circuitos financeiros poderia aumentar.

Explicou que estão trabalhando para obter um diagnóstico detalhado da atual situação latino-americana, assim como uma forma de cooperar no desenvolvimento de regras e regulamentos específicos neste tema.

Entre as descobertas - indicou - está o alto nível de informalidade das economias da região, que fica evidente com a evasão de impostos, do contrabando, da fuga de capitais e dos mercados negros, além de outros aspectos.

O presidente do Banco Central argentino esclareceu que a região não tenta substituir os padrões já definidos, e que o objetivo é complementá-los.

Para isso, trabalham com quatro pilares: o regulamento, a supervisão especializada, as avaliações e o compartilhamento de informação, disse.

Acrescentou que a região considera que um marco regulador uniforme deve ser posto em vigor, baseado nos padrões existentes, e que para isso seria fundamental definir uma metodologia, para medir os níveis da atividade econômica informal na América Latina e reduzi-los com o apoio dos organismos multilaterais.

Redrado assegurou que a região quer contribuir para que os objetivos na luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo sejam alcançados, e sugeriu políticas que ajudem a entender melhor tais problemas.