Agência EFE
RIO - O Brasil obteve US$ 3,9 bilhões em 2006 com a exportação de carne bovina, com um aumento de 28% quando comparado a 2005, apesar do embargo aplicado por vários países por causa da febre aftosa detectada no sul do país, informaram nesta terça-feira empresários do setor.
Segundo os números da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), o Brasil encerrou 2006 como o principal exportador mundial de carnes bovinas, em receita e em volume.
No entanto, estes resultados estão ameaçados por novos focos de febre aftosa na Bolívia, em um momento no qual o Brasil procura fazer com que a Organização Internacional de Saúde Animal reconheça seus esforços para erradicar totalmente a febre aftosa do Mato Grosso do Sul e do Paraná, disse a entidade.
No final de 2005 foram detectados cerca de 30 focos da doença nestes dois estados, que estão próximos de Bolívia, Paraguai e Argentina.
Este retorno da doença a estados que tinham alcançado o status de "livres de aftosa com vacinação' provocou restrições comerciais totais e parciais de cerca de 50 países, entre eles o que fazem parte da União Européia.
Em vários casos o foco atingiu carnes de porco e de frango.
Embora o embargo envolva Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, o aumento das exportações foi obtido ao se considerar os estados não atingidos pelo embargo, informou a CNA.
- Estamos preocupados com o risco que representa o reaparecimento da doença para a pecuária brasileira - disse Antenor Nogueira, presidente da CNA.
- Precisamos de um programa de saúde conjunto entre os países fronteiriços com o Brasil - declarou.
Em 2005, o Brasil exportou carne por um valor de US$ 3,06 bilhões.
Em volume, os embarques passaram de 1,96 milhão de toneladas para 2,22 milhões de toneladas entre 2005 e 2006.
Os empresários atribuem o aumento das vendas a uma maior demanda pela recuperação do consumo mundial e pela 'incapacidade de outros países' produtores, como Argentina, Estados Unidos e União Européia de atenderem o mercado vetado por alguns estados do Brasil.
Entretanto, os criadores de gado brasileiros afirmam que em 2006 enfrentam prejuízos pelo quarto ano consecutivo.
A CNA também divulgou um indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) que revela um aumento de 5,73% em 2006 nos gastos em salários, eletricidade, e insumos.
Por outro lado, a arroba de carne em pé subiu apenas 1%, o que revela uma 'desvalorização dos fatores de produção na fazenda'.
Em quatro anos a atividade perdeu 42% de margem, por causa do aumento de 32% nos custos de produção e do retrocesso de 9,5% no preço da arroba de rês, segundo o estudo.