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Sem unanimidade, Selic cai 0,50 ponto para 13,25%

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BRASÍLIA, 29 de novembro de 2006 - A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 2006 terminou sem surpresas. Como esperado pelo mercado financeiro, os diretores do Banco Central decidiram cortar o juro básico da economia em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Essa foi a 12ª redução consecutiva da taxa Selic, que cai permanentemente desde setembro de 2005. Durante esse período, a taxa caiu 6,5 pontos percentuais.

A decisão, no entanto, ocorreu sem consenso, ao contrário das últimas reuniões. É a primeira vez desde março que o corte da taxa não foi decidido com unanimidade. O juro foi reduzido em 0,50 ponto com o apoio de cinco dos oito diretores do Copom. Os outros três apoiaram uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.

Apesar da redução de novembro, o Brasil amarga o primeiro lugar no ranking mundial das maiores taxas reais de juros. Conforme levantamento da UpTrend Consultoria, a redução de 0,5 ponto percentual faz com que o Brasil tenha juro real de cerca de 8,8% ao ano. O segundo lugar, a Turquia, está mais de dois pontos percentuais abaixo, com aproximadamente 6,2%.

Ao término do primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e na comparação com dezembro de 2002, último mês do governo Fernando Henrique Cardoso, o BC sob administração do PT reduziu o juro em 11,75 pontos percentuais.

Apesar dessa redução expressiva, o juro subiu por dois períodos no governo petista. Inicialmente, nos primeiros meses de 2003, ainda sob efeito do nervosismo eleitoral de 2002, o Copom elevou o juro em 1,5 ponto percentual. Depois, ao término de 2004 e com o crescimento mais vigoroso da economia, o BC voltou a apertar a política monetária e o juro subiu 3,75 pontos.

Mesmo com a redução do juro de 11,75 pontos percentuais durante todo o governo Lula, o Copom é freqüentemente criticado pelo rigor da política monetária. Na visão dos analistas, o BC mantém o foco exagerado na inflação, sem se ater aos efeitos do juro alto.

Críticos defendem que o juro alto é um dos principais responsáveis pela valorização do real nos últimos anos. Na visão desses economistas, a rentabilidade dos títulos brasileiros - que pagam a taxa Selic - atrai capitais internacionais interessados apenas no juro e que acabam derrubando a cotação do real. A defesa do Copom é que ainda é preciso atentar às pressões inflacionárias, que ainda não estariam completamente debeladas.

A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 23 e 24 de janeiro de 2007.

(Fernando Nakagawa - InvestNews)