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Bayer nega que milho resistente a agrotóxico cause danos

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SÃO PAULO, 22 de novembro de 2006 - A empresa alemã Bayer CropScience negou que as sementes do milho transgênico LibertyLink, desenvolvidas para serem mais resistentes a agrotóxico, possam causar danos à saúde humana ou ao meio ambiente. A organização ambientalista Greenpeace realizou um ato ontem, em frente à empresa, pedindo que o milho transgênico não seja liberado. Como ele é feito para ser resistente a um herbicida fabricado pela Bayer, o temor do Greenpeace é que o excesso de agrotóxico contamine o ambiente ou os consumidores do produto.

Em nota divulgada à imprensa no final desta terça-feira, a empresa alemã afirma que o herbicida "é um produto utilizado na agricultura há mais de 20 anos sem relato de danos à saúde humana". "Todas as avaliações de risco mostraram que o produto é seguro aos trabalhadores que aplicam o herbicida, aos consumidores e ao ambiente".

O agrotóxico da Bayer é feito à base de glufosinato de amônio. Segundo o Greenpeace, a Autoridade Européia para Segurança Alimentar fez testes apontando que alta dosagem de glufosinato tem efeitos negativos sobre a fertilidade feminina. Na União Européia, onde fica a sede da Bayer, o milho LibertyLink é proibido, segundo a organização.

O gerente de tecnologia da área de BioScience da empresa, André Abreu, considera que a diferença entre o milho tradicional e o milho modificado geneticamente só ocorre para o agricultor, não para o consumidor. ´É um milho saudável e saboroso como qualquer outro milho que chega à mesa´, disse, em entrevista hoje à Agência Brasil. ´O diferencial dele é que permite ao agricultor, ao invés de utilizar uma série de produtos químicos antigos para limpar o mato da lavoura, usar um produto moderno e que é biodegradável´, acrescenta. Segundo ele, o milho transgênico tem importância ambiental porque não deixa resíduo no solo e social porque essa tecnologia simplifica o trabalho do agricultor.

Os manifestantes da organização ambiental Greenpeace protestaram em frente ao prédio da empresa, em São Paulo, exigindo a não liberação comercial dessa variedade de milho transgênico. No documento enviado hoje pelo Greenpeace à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a organização alertou para os riscos da liberação do milho geneticamente modificado, dizendo que ´a quantidade de resíduo de agrotóxico no milho transgênico é muito maior do que a registrada no milho convencional´ e que há riscos ao meio ambiente e à saúde humana.

Para Abreu, a discussão sobre a possível aprovação do milho transgênico pela CTNBio pode ter ganhado importância no cenário nacional por causa da aprovação de uma nova legislação nessa área pelo atual governo.

´Nós entendemos que essa discussão hoje adquiriu uma certa importância porque desde que o governo Lula aprovou a nova legislação para o Brasil, esse é o primeiro momento que a CTNBio se reúne para decidir sobre produtos no âmbito comercial. Decidia-se muito sobre pesquisa, mas agora há uma série de produtos para uso comercial´, afirmou Abreu, acrescentando que essa variedade de milho já foi aprovada em vários outros países como Japão, Coréia, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Argentina.

Abreu explicou que, como a tecnologia do milho transgênico deve ser adaptada a cada país e aos diferentes solos ou climas, mesmo que a CTNBio aprove sua comercialização agora, este só deverá entrar no mercado nacional em dois anos. ´Se a CTNBio aprovar, aí nós temos que preparar as sementes. Isso demora mais ou menos uns dois anos para ter um volume suficiente para atender a demanda dos lavradores.´

Qualquer cidadão brasileiro pode conhecer e ter acesso ao relatório com todas as informações e resultados dos estudos sobre o milho transgênico. Segundo Abreu, basta escrever para a CTNBio e solicitar uma cópia na íntegra do relatório.

As informações são da Agência Brasil.

(Redação - InvestNews)