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IGP-10 tem taxa mais alta desde abril de 2005

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Reuters

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO - A inflação pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) acelerou para 1,02 por cento em novembro, a taxa mais alta desde abril do ano passado, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) na terça-feira. Em outubro, o índice havia apurado alta de 0,21 por cento.

Com a retomada dos preços agrícolas, o Índice de Preços no Atacado (IPA) avançou 1,45 por cento na leitura atual, a maior variação desde setembro de 2004, quando havia evoluído 1,60 por cento. Em outubro, houve alta de 0,26 por cento do IPA.

- As matérias-primas foram as responsáveis pela aceleração do IGP-10 e responderam por boa parte da aceleração do IPA e por quase metade da aceleração do índice cheio - disse em entrevista à imprensa o economista da FGV, Salomão Quadros, ressaltando que a menor queda dos combustíveis foi secundária na elevação do indicador.

O IPA agrícola disparou 5,42 por cento em novembro, ante 2,08 por cento em outubro.

- Estamos numa fase de entressafra combinada com altas de preços no mercado internacional, o que potencializa a pressão. Essa pressão está caminhando na cadeia produtiva e já está chegando no varejo - acrescentou Quadros.

De acordo com o economista, farinha de trigo, farelo de soja, rações e alimentos processados já estão refletindo no atacado altas dos insumos.

O IPA industrial, por sua vez, saiu de deflação de 0,29 por cento no mês passado para alta de 0,21 por cento.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou variação de 0,20 por cento, frente à alta de 0,10 por cento em outubro.

- O grupo Alimentação foi a classe de despesa que mais contribuiu para a aceleração do IPC - apontou a FGV em comunicado. Os preços desse grupo aumentaram 0,63 por cento, depois da queda de 0,36 por cento em outubro.

- Vai ser um final de ano mais caro para o consumidor por causa dessa pressão que vem do atacado - disse Quadros, notando que arroz e farinha de trigo foram os primeiros itens a manifestar a pressão vinda do atacado.

No ano, a alimentação no varejo acumula variação negativa de 0,62 por cento.

- Temos informações de que a safra de 2007 será razoável, 5 por cento maior. Este ano, tivemos um comportamento favorável dos alimentos no consumidor. Portanto, é uma pressão sazonal - comentou o economista.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,23 por cento, ante avanço de 0,14 por cento em outubro.

SOJA COMO FIEL DA BALANÇA

O especialista da FGV acredita que o IGP-10 poderá ceder em dezembro dependendo do comportamento da soja, que tem peso de 4 por cento na composição do indicador.

Em novembro, a soja respondeu por 0,21 ponto percentual na formação do IGP-10. 'Será o fiel da balança', disse Quadros, admitindo elevar para 3,7 por cento a previsão para os IGPs deste ano conforme a oscilação da commodity.

Até outubro, a FGV estimava que os IGPs variassem 3 por cento em 2006. A previsão foi alterada para 3,5 por cento em razão do choque agrícola.

- Estaremos abaixo da meta, mas essa alteração sinaliza um pouco mais de pressão para 2007 para os (preços) administrados. Este ano, alguns administrados tiveram até variação negativa.

No ano, o IGP-10 acumula alta de 3,56 por cento. Nos últimos 12 meses, o avanço é de 3,62 por cento.

O IGP-10 foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência.