ECONOMIA

Presidente do Santander: 'Brasil pode entrar num ciclo virtuoso como não vemos em anos'

Para maior acionista do banco, ‘contas fiscais vão se equilibrar se Brasil for capaz de crescer’

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 01/11/2023 às 17:20

Alterado em 01/11/2023 às 17:53

Ana Botín é a dona do Santander Foto: Divulgação/Santander

Enquanto a Faria Lima reage mal à admissão do presidente Lula de que o país não conseguirá zerar o déficit fiscal em 2024, a banqueira espanhola Ana Botín, presidente do conselho de administração do Santander, afirma que "o mais importante é o país voltar a crescer". De acordo com ela, "a América Latina está melhor que o resto do mundo e o Brasil pode entrar em um ciclo virtuoso não visto há anos".

"No Brasil, a redução do custo da dívida interna vai ajudar as contas fiscais. Podemos ter o cenário de o Brasil entrar em um ciclo virtuoso como não vemos em anos com uma moeda sólida, com baixa de juros e com espaço fiscal para simplificar o sistema tributário e poder investir mais", disse Ana, durante encontro com jornalistas da América Latina

Ana relembrou que o Banco Central brasileiro foi um dos primeiros a subir juros e já iniciou o processo de queda, o que pode favorecer as contas públicas. Questionada por jornalistas se há risco de o ciclo de cortes ser interrompido após o presidente sinalizar que pode abandonar a meta de zerar o déficit em 2024, Ana mostrou novamente otimismo.

"O Brasil vai crescer 3%. O mais importante é que voltemos a crescer. As contas fiscais vão se equilibrar se formos capazes de crescer, uma vez que existam receitas. O Brasil tem instituições fortes, não apenas o Banco Central, mas também políticas, com muitos "checks, and balances", como o Congresso. É um país que quase sempre chega a consensos", afirmou

Em uma apresentação na qual não deixou de reforçar a “importância de contas fiscais saneadas”, Ana Botín disse, porém, que há outras fontes de confiança:

"Não podemos apenas ver a parte fiscal isolada, porque a confiança vem dos “checks and balances” (pesos e contra-pesos) que o país tem e também vem do crescimento e da possibilidade de investimento, além do trabalho que o Brasil já fez na melhora da produtividade.

Ana também destacou que o Brasil tem inflação controlada, uma matriz energética limpa considerada uma vantagem competitiva e fez reformas digitais, como o Pix, que podem aumentar a produtividade. "Nossa perspectiva é muito positiva em relação ao Brasil", concluiu