Governo redesenha programa de incentivo a carros populares, com foco em ônibus e caminhões

Segundo o ministro Fernando Haddad, iniciativa foi 'repaginada', mas 'carro também está contemplado'.

Por GABRIEL MANSUR

O ministro Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (5) que o programa de incentivo a carros populares foi "repaginado" e agora foca em transportes coletivos (ônibus) e de cargas (caminhões).

Apesar das mudanças, os carros populares também serão contemplados, acrescentou o petista. Ele se reúne ainda nesta segunda para apresentar ao presidente Lula (PT) o redesenho do programa.

Inicialmente, o governo anunciou, em 25 de maio, redução de impostos para baixar o preço final dos carros populares em até 10,96%. A proposta valeria para veículos com valor final de até R$ 120 mil.

As medidas, segundo o setor automotivo na ocasião, poderiam fazer com que os carros populares novos voltassem a custar menos de R$ 60 mil.

Atualmente, o preço de partida do carro zero é de cerca de R$ 68 mil – mais de 50 salários mínimos (hoje em R$ 1.320). Esse valor não considera as medidas anunciadas.

No entanto, o novo desenho da proposta deve retirar a isenção e substituí-la pela concessão de créditos tributários. A equipe econômica pretende anunciar o formato das medidas nesta semana.

Reoneração do diesel

Para bancar os custos do pacote, que poderia chegar perto de R$ 1 bilhão, a Fazenda pretende antecipar a reoneração do diesel - os descontos em tributos sobre o combustível estavam previstos para ir até o fim do ano.

A antecipação da reoneração do diesel deve gerar R$ 3 bilhões em arrecadação, o dobro do necessário para custear a queda do preço dos carros populares. Haddad já estimou que a medida vai custar cerca de R$ 1,5 bilhão – o R$ 1,5 bilhão restante vai ser usado para reduzir o déficit público ainda em 2023.

A proposta do governo também deve incluir subsídios para a redução do preço dos caminhões, de olho numa categoria que forma a base bolsonarista.

O programa para carros populares foi inicialmente desenhado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para diminuir o preço dos carros até R$ 120 mil.

Ele foi apresentado por Alckmin na semana retrasada e a Fazenda pediu 15 dias para estudar os impactos fiscais da medida e seu alcance.