ECONOMIA

Guedes deveria resolver problemas internos, diz diretor de câmara chinesa

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Por ECONOMIA JB com Agência Estado
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Publicado em 03/09/2022 às 04:41

Alterado em 03/09/2022 às 04:41

O ministro da Fazenda de um governo que tenta a reeleição deveria procurar identificar e resolver os problemas internos de sua economia ao invés de procurar problemas fora do Brasil. A afirmação foi dada ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) pelo diretor da Câmara de Comércio Internacional da Província de Hubei (China) no Brasil e primeiro chinês convidado pelo MEC para lecionar no País, o professor Fernando Zhou.

As palavras do catedrático chinês se deram na forma de um contra-ataque à fala ministro da Economia, Paulo Guedes, que na sexta-feira da semana passada, durante um evento da Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cotrijal), no Rio Grande do Sul, disse que "não queremos a 'chinesada' entrando aqui, quebrando nossas fábricas, nossas indústrias, de jeito nenhum".

Guedes fez a afirmação ao reforçar para uma plateia de empresários do ramo do agronegócio que o governo já tinha reduzido em 35% a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e, mais que isso, iria acabar com o tributo.

Não foi a primeira vez que o ministro discorreu sobre o tema neste mesmo tom e alegando que o "IPI é um imposto de desindustrialização em massa, que está destruindo o País há 40 anos". Mas a forma com que ele se referiu aos chineses é que chocou.

Segundo o Professor Zhou, a forma usada por Guedes minimizou por completo o conteúdo da sua argumentação, que do ponto de vista econômico - mesmo não sendo verdadeiro, já que no comércio entre os dois países a ponta superavitária sempre fica com o Brasil - estava correto.

"Não gostei das palavras do Guedes, pois a China é o maior parceiro comercial do Brasil e na relação entre os dois países o Brasil sempre é o ganhador de superávit", lamentou Zhou, que também é professor visitante da FIA Business School, fundada em 1980 por professores e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP).

Para o professor, impedir a entrada de produtos chineses vai prejudicar primeiro o Brasil. "Acho que, da parte brasileira, um ministro e um governo que quer se reeleger, deveria procurar resolver os problemas internos de sua economia e não procurar fatores fora do Brasil", contra-atacou Fernando Zhou.

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