ECONOMIA

O novo "milagre' brasileiro de Paulo Guedes:

Em R$, renda do brasileiro volta a 2012; Em US$, ficou abaixo do nível de 2008

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 10/06/2022 às 14:05

Alterado em 10/06/2022 às 14:08

Guedes, o bravateiro Foto: Folhapress / Pedro Ladeira

O Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, subordinado ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, divulgou nesta 6ª feira a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) referente à renda familiar do país. Pode-se dizer que o ministro Paulo Guedes, o famoso “Posto Ipiranga” da campanha eleitoral de 2018, que agora se reveste de cabo eleitoral à frente do ministério na eleição de 2022, produziu um novo milagre brasileiro: encolheu a renda da população. Transcrevo o que diz o IBGE:

“O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. Com isso, a massa do rendimento mensal real domiciliar per capita caiu 6,2% ante 2020, chegando a R$ 287,7 bilhões em 2021, seu segundo menor valor, desde 2012 (R$ 279,9 bilhões)”.

“O percentual de pessoas com rendimento na população do país caiu de 61,0% em 2020 para 59,8% em 2021, o mesmo percentual de 2012 e o mais baixo da série. A queda desse indicador foi mais intensa no Norte. Entre as regiões, o Nordeste segue com menor rendimento médio mensal domiciliar per capita (R$ 843)”.

O IBGE, que vai fazer uma radiografia mais completa do estado de saúde social e econômico do país com o Censo 2022 (adiado por dois anos devido à pandemia), assinalou que “a desigualdade cresceu para o conjunto da população e ficou praticamente estável para a população ocupada: o Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita aumentou de 0,524 para 0,544, enquanto o Gini do rendimento de todos os trabalhos variou de 0,500 para 0,499”, numa regressão inédita abaixo de 0,500.

O percentual de pessoas com algum rendimento, de qualquer tipo, na população do país também caiu: de 61% para 59,8%, retornando ao percentual de 2012, o menor da série. Houve redução em todas as regiões, principalmente no Norte. O Sul (64,8%) continua com a maior estimativa, como aconteceu em todos os anos da série histórica. As menores são nas regiões Norte (53,0%) e Nordeste (56,3%).


 

Macaque in the trees
. (Foto: IBGE)

 

 

Em dólar renda cai 43% em 10 anos

Se a conta for medida em dólar, o estrago é bem maior. A renda per capita anual (a divisão do Produto Interno Bruto pelo tamanho da população, que chegou a 214 milhões de habitantes), depois de encolher à mínima de US$ 6.833,4 em 2020, voltou a subir ligeiramente no ano passado (quando o PIB cresceu 4,6%) e chegou a US$ 7.539,5. Entretanto é uma redução de 43% frente à renda per capita de US$ 13.245,61, registrada em 2011.

A desvalorização do real e as recessões de 2015 (-3,5%), 2016 (-3,3%) e 2020 (-3,9%) fizeram a renda per capita retornar a níveis inferiores a 2008, quando foi de US$ 8.831,02. A título de comparação, a Argentina voltou a superar o Brasil em 2021, com renda per capita de US$ 10.729,6.

Luxemburgo teve a maior renda per capita em 2021: US$ 134.352, seguido pela Suíça, com US$ 93.131. Os Estados Unidos registraram US$ 59.484 de renda per capita, menos que os US$ 60.067 da Austrália.

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