ECONOMIA

Pode haver 'efeito dominó' de entrega de cargos, diz líder de servidores públicos

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Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 22/12/2021 às 19:20

Alterado em 22/12/2021 às 19:27

Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef Foto: Lucio Bernardo Jr

Após o Congresso aprovar o Orçamento de 2022 com a previsão de reajuste salarial apenas a policiais, pode haver um “efeito dominó” de entrega de cargos de servidores, de acordo com o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.

“É lamentável que o Congresso Nacional tenha se submetido a essa chantagem do presidente da República e do ministro da Economia, Paulo Guedes. E, além disso, rifar praticamente mais de 95% do conjunto do funcionalismo. É um absurdo”, disse Silva ao Broadcast Político.

O sindicalista disse que não é contra o reajuste a policiais, mas defendeu elevação dos salários de todo o funcionalismo público. “A categoria de policiais federais e penitenciários, não são categorias que têm remuneração ruim”, afirmou. “Em torno de 90% dos servidores estão com seus salários congelados e são chamados de parasitas pelo ministro da Economia”, criticou.

Como o Broadcast Político mostrou hoje, funcionários do Banco Central já discutem uma eventual entrega de cargos como resposta à peça orçamentária aprovada no Congresso. O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, disse que há chance real de uma debandada. Ele ainda criticou a decisão do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), referendada pelo relator-geral do Orçamento de 2022, Hugo Leal (PSD-RJ), de oferecer o aumento só para os policiais. "Reajustes salariais devem ser para todas as carreiras", defendeu.

Mais cedo, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) já havia informado que os auditores começaram a entregar cargos. De acordo com o presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, o Orçamento de 2022 traz um corte nas verbas da Receita de cerca de R$ 1,2 bilhão para custear o reajuste dos policiais.

Para o secretário-geral da Condsef, essa debandada de funcionários públicos pode se expandir para mais categorias. “Eu acho que isso vai ser um efeito dominó. Nós temos um fórum que agrega todo o conjunto das representações do funcionalismo público e vamos fazer uma reunião de emergência no início de janeiro para ver quais são os tipos de atitudes que podem ser tomadas. Não está descartada uma mobilização nacional”, informou.

Silva também criticou o valor do fundo eleitoral aprovado pelo Congresso para 2022, que ficou em R$ 4,9 bilhões. “No ano que vem, vamos fazer uma campanha de sensibilização dos funcionários públicos para que carimbem esses parlamentares que são os carrascos do funcionalismo público”, disse. Ele também se posicionou contra a Reforma Administrativa.

 

Reajuste a policiais

No Orçamento do ano que vem, foi incluída uma previsão de R$ 2 bilhões para reajuste salarial a policiais federais. Desse total, o impacto nas despesas primárias do governo é de R$ 1,7 bilhão. A reestruturação das carreiras da segurança pública com aumento de remuneração foi uma demanda de Bolsonaro e representa uma derrota para a equipe econômica. Serão contemplados servidores da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

O Ministério da Economia havia solicitado ao Congresso um valor ainda maior para o reajuste salarial dos policiais em 2022, de R$ 2,86 bilhões. O pedido à equipe do ministro Paulo Guedes nasceu no Ministério da Justiça e Segurança Pública e foi encampada pelo presidente, em aceno a uma categoria estratégica para as eleições de 2022. (Iander Porcella e Eduardo Gayer/aGÊNCIA eSTADO)

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