ASSINE
search button

Odebrecht: marcas da corrupção generalizada

Compartilhar

As investigações sobre o Departamento de Propinas da empreiteira Odebrecht, que geria esquemas de suborno por facilitação de contratos em 12 países e foi descoberto pela Operação Lava Jato no início de 2017, ainda tem desdobramentos por toda parte. Poucos executivos foram punidos. Agentes públicos, alguns.
Um dos supostos envolvidos mais notáveis foi o então vice-presidente do Equador, Jorge Glas, que está preso após condenação por recebimento de pagamento ilícito de US$ 13,5 milhões. Segundo o acordo de leniência, ao longo de dez anos, entre 2007 e 2016, a construtora brasileira desembolsou US$ 33,5 milhões em troca de benefícios em negócios que teriam rendido três vezes mais, cerca de US$ 116 milhões.
Entrevistado no domingo pelo JB, o ex-presidente do Equador Rafael Correa defendeu o aliado, admitiu a ocorrência de casos de corrupção em seu governo, mas foi enfático ao disssociá-lo de sua gestão direta. “Quem diz que no meu governo não houve caso de corrupção é mentiroso ou tolo. Um governo honesto é aquele que não tolera a corrupção e isso é o que sigo. A imprensa quer fazer crer que a corrupção começou com a gente a partir de dois casos”, afirma. Segundo ele, há muita hipocrisia no atual formato de combate à corrupção, porque ignora a existência dos paraísos fiscais, parte fundamental de esquemas de fraudes pelo mundo. Especificamente sobre a Odebrecht, o ex-presidente afirma ter expulsado a empreiteira do país por problemas na construção de uma hidrelétrica. O fato teria motivado, inclusive, a retirada do embaixador brasileiro, designado pelo então governo Lula.
“No caso da Odebrecht, corrupto e corruptor são a própria empresa. E depois de tudo isso, a Odebrecht não foi acusada. Dos quatro funcionários que confessaram crimes, nenhum foi acusado pelo país. Mas, como pelo menos um deles testemunhou contra o vice-presidente, resolveram prendê-lo”, acusa. Correa afirma ainda que US$ 4 milhões em impostos devidos pela empreiteira foram perdoados pelo atual governo, o que comprovaria a permanência suspeita da empresa no Equador.
O esquema de corrupção da Odebrecht envolveu políticos, partidos, empresários e funcionários do governo de 12 países: Brasil, Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. As recentes investigações no Brasil e em alguns desses países frearam os esquemas. Nada, porém, garante que a prática foi extinta.