Anna Ramalho, Jornal do Brasil
RIO - Morreu na manhã deste domingo, no Hospital Copa d' Or, uma das figuras mais queridas e respeitadas da sociedade carioca: Helena Gondim, vítima de um câncer no fígado.
Por mais de 30 anos, Helena editou o livro Sociedade Brasileira, a bíblia do who's who, o catálogo telefônico dos ricos e bem nascidos, de intelectuais e alguns políticos, dos nobres de muitos títulos, como os dois ramos da família Orleans e Bragança, e dos nobres plebeus, digamos assim, como os Nabuco, os Mello Franco, os Taunay, os Peixoto de Castro, os Monteiro de Carvalho, os Fraga.
Nas últimas edições do livro, que é publicado de dois em dois anos, Helena, sempre antenada, acrescentou jornalistas outros que não os colunistas ditos sociais - estes, verbetes desde sempre - como Zuenir Ventura e Artur Xexéo, por exemplo. No Sociedade também são verbetes todos os imortais da Academia Brasileira de Letras e todos os cônsules que servem em nossa cidade.
A autora foi uma editora severa: não era todo mundo que entrava no seu rol. Não bastava ter dinheiro, se o candidato não tivesse categoria, elegância e, de preferência, o respeito de seus pares.
Helena "casou" muita gente: namorou, juntou, participou a ela, na nova edição o casal já estava sacramentado. Com uma visão moderna, fez o casal Gilberto Braga-Edgar Moura Brasil virar verbete muito antes de os casamentos gays entrarem na ordem do dia e da banalidade.
Helena morreu sem ver pronta a última edição do Sociedade Brasileira, que deverá ser lançada em setembro. Mas não creio que o livro saia de linha, apesar da perda de sua charmosa e interessantíssima editora. Alguém há de dar continuidade ao seu trabalho como ela deu ao de Maria Luiza Sertório há décadas. Creio que ela gostaria que fosse assim.
Helena deixa viúvo Murillo Gondim, o companheiro de toda uma vida, e os filhos Murilinho e João. Seu corpo será cremado nesta segunda-feira, às 14h30, no Memorial do Carmo, onde foi brevemente velado neste domingo.