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Filho de Johnny Cash abre o jogo sobre os vícios de seus pais

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REUTERS

LOS ANGELES - Se, depois de assistir a 'Johnny e June', sobre o início do romance entre o fora-da-lei da música country Johnny Cash e sua mulher, June Carter Cash, você imaginou que depois disso os dois viveram felizes para sempre, o filho do casal gostaria de esclarecer alguns pontos. John Carter Cash, 37 anos, acaba de escrever um livro relatando a luta que seu pai travou contra as drogas por toda sua vida e revelando pela primeira vez que sua mãe também consumia comprimidos em grande quantidade e com frequência sentia um medo paranóico de que seu terceiro marido fosse infiel a ela.

Visto de fora, o casamento de 35 anos dessas duas personalidades tão díspares parecia uma união de conto de fadas, mas, disse o filho deles em entrevista, 'a realidade é que o sofrimento continuou e se agravou ao longo dos anos'. Tendo dois viciados como pais, sem falar em meias-irmãs que se viciaram em drogas, não surpreende que John Cash também tenha acabado se viciando. Embora, ainda criança, ele tenha viajado pelo mundo, conhecido presidentes e vivido com luxo, sua infância foi marcada pelo medo constante de que seus pais iriam se divorciar.

Somando-se ao clima de insegurança, os problemas financeiros do casal na década de 1980 -- quando a carreira de Johnny Cash passou por um período de baixa -- obrigaram seus pais a vender suas jóias para conseguir pagar seus empregados.

Apesar de tudo isso, 'Anchored in Love: The Life and Legacy of June Carter Cash' (Ancorados no Amor: a Vida e o Legado de June Carter Cash), que chega às livrarias americanas em 5 de junho, faz uma homenagem comovente à mãe do autor, que em público vivia à sombra de seu marido mas, em casa, era quem comandava o show.

- O amor de meus pais um pelo outro durou a vida inteira deles - disse Cash.

- Eles não desistiram nunca. Aceitavam um ao outro totalmente, incondicionalmente.

Mas às vezes a maneira pela qual mostravam isso era estranha. Em um incidente traumático ocorrido quando John Cash tinha 10 anos, o menino, às lágrimas, viu seus pais brigando durante horas e horas. Enquanto seu pai disparava insultos verbais -- as brigas nunca degeneravam em violência física --, sua mãe ameaçava deixá-lo de uma vez por todas.

Depois de horas, os dois chamaram o garoto para lhe comunicar uma notícia. Ele já estava preparado para ouvir que iriam se divorciar -- mas eles tinham decidido renovar seus votos de casamento.

Como mostrou o filme 'Johnny e June', Johnny Cash consumia comprimidos em quantidade maciça para enfrentar os rigores das turnês e seus demônios pessoais. Ele se livrou do vício com a ajuda de June, mas acabou recaindo no final dos anos 1970. O livro relata um ciclo interminável de experiências de quase morte de Cash, passagens por clínicas de reabilitação e intervenções diversas.

- Meu pai nunca ficava violento, apenas ausente - disse John Cash.

- A mesma coisa aconteceu com minha mãe mais tarde.

June era compulsiva, especialmente quando se tratava de gastar dinheiro. No início dos anos 1990, June passou a usar narcóticos sob receita médica. Ela parou de falar em sentenças completas e se isolava em seu mundo próprio. John Cash, que é produtor musical, disse que seus pais ficariam felizes com a publicação do livro, porque nunca queriam que nada fosse escondido.