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Temporada final de 'Família Soprano' começa calma, sem surpresas

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REUTERS

LOS ANGELES ( EUA) - O seriado 'A Família Soprano', da HBO, tem sido um dos verdadeiros monumentos da televisão norte-americana, uma obra-prima de grande visão artística e performance extraordinária. Parte de seu legado com certeza será sua gloriosa inconsistência, que também pode ser vista como experimentação -- como o episódio no qual Tony Soprano (James Gandolfini) imaginou sua vida como vendedor comum, numa cena prolongada de sonho enquanto estava entre a vida e a morte, depois de ser ferido por um tiro.

O criador da série, David Chase, nunca deixou de inovar, e assim continuará agora que inicia seus derradeiros (de verdade, desta vez) nove episódios, marcando o ápice de oito anos de seriado. Não deve nos surpreender o fato de os dois primeiros episódios terem um tom especialmente agridoce e calmo.

Chase e companhia estão nos induzindo a um estado de complacência. A idéia é que tudo se aproxima do fim. Mas não confio nisso, e você também não deve. 'Família Soprano' já demonstrou ser ótima em nos surpreender, e sinto que isso já está acontecendo de novo.

No início desta segunda metade da última temporada, Tony ainda se recupera de seu ferimento quase mortal, causado por um tiro disparado pelo demente Tio Junior (Dominic Chianese). Mas a primeira hora é estranhamente silenciosa, deixando-nos em estado de grande ansiedade. Tony e sua mulher, Carmela (Edie Falco), acompanham a irmã dele, Janice (Aida Turturro), e seu cunhado Bobby (Steven R. Schirripa) num fim de semana nas montanhas Adirondack, quando se divertem com Banco Imobiliário, karaokê e uma briga familiar memorável.

Outro elemento que entra para a história é a preocupação constante do sobrinho de Tony, Christopher (Michael Imperioli), com Hollywood e seu novo filme de terror financiado pela máfia, para o qual tentou, sem sucesso, contratar Ben Kingsley. No segundo episódio (que vai ao ar em 15 de abril nos EUA), Tony se perturba ao saber que um personagem inspirado nele comporta-se como bandido no filme de Christopher. Há também a morte inglória do antes explosivo Johnny Sack (Vincent Curatola), de câncer, na prisão.

O episódio inclui uma ponta do diretor Sydney Pollack no papel de um enfermeiro condenado por matar sua mulher e outras pessoas. A impressão que se tem é que 'Família Soprano' está nos levando em uma de suas viagens mais sombrias até agora, a caminho da reta final, preparando uma história tentadora para o clímax que se aproxima.