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WASHINGTON - Hollywood está em busca de vozes novas, o que é evidente no crescimento das indicações de artistas latino-americanos ao Oscar -- sinal de que o setor presta atenção nas histórias que eles contam.
Essa é a opinião de Christy Haubegger, estrategista da Creative Artists Agency (CAA), que acompanha com interesse a ascensão de diretores, atores e roteiristas latinos nos Estados Unidos.
O destaque das indicações neste ano ficou com os filmes de diretores mexicanos, que somaram mais de 10 indicações. Embora tenham ganhado só quatro, Haubegger acha que o mercado para os hispânicos está melhor do que nunca.
Advogado de origem mexicana, fundador da revista "Latina" e produtor-executivo do filme "Espanglês", Haubegger falou à Reuters sobre o futuro dos artistas latino-americanos nos EUA.
Pergunta - Como explicar o grande número de indicações para artistas latinos no Oscar deste ano?
Resposta - Os EUA, e nossa indústria, estão realmente famintos por novas vozes e novas perspectivas, e as indicações são parte disso. O cinema mais interessante neste momento vem das vozes latinas.
P - Por que a maioria dos artistas vem da América Latina e não dos EUA?
R - Esses cineastas vêm de lugares que não necessariamente têm todos os recursos. Então veja um feito com "O Labirinto do Fauno", que recebeu seis indicações, e você percebe que foi um filme feito por cerca de 15 milhões de dólares (relativamente barato). Às vezes acho que limitações nos recursos forçam a criatividade de um jeito que ter um grande estúdio não força.
P - Mas atualmente não se vê muitos latinos nascidos nos EUA fazendo filmes. Por quê?
R - A população latina nos EUA é muito jovem, a idade média é 26. No Festival de Sundance, algumas das grandes vendas em filmes foram de diretores e roteiristas latinos. Você está começando a ver isso no jovem talento emergente.
P - Ao contratar latinos, Hollywood não estaria basicamente de olho na minoria que mais cresce nos EUA, com mais de 42 milhões de pessoas?
R - São duas coisas. Uma é que finalmente temos a oportunidade de contar nossas histórias, e as pessoas querem levar vantagem disso. Os latinos são 14 por cento da população e quase 20 por cento da bilheteria. O sucesso de um programa de TV como "Betty, a Feia" é não só porque os latinos o assistem. Os latinos assistem, mas acho que nossas histórias estão interessando a todos.
P - Ficou mais fácil para os atores latinos conseguirem bons papéis?
R - Nunca houve uma época melhor para ser latino e trabalhar no nosso setor. De Salma Hayek a Eva Longoria, para ficar só nas mulheres. Há dez anos, seria difícil imaginar que elas fossem tão requisitadas, mas agora são consideradas as mulheres que importam, ponto.