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Orquestra Tabajara perto dos 75 anos sobre os palcos brasileiras

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EFE

SÃO PAULO - Severino, Plínio e Jaime Araújo têm juntos mais de dois séculos e meio de vida, a maior parte em cima de palcos de cassinos e salas de espetáculos, e fazem a mítica Orquestra Tabajara - a "big band" brasileira que em breve completará 75 anos - cada vez maior.

Falta pouco mais de um ano para a data, mas os irmãos Araújo, que nasceram em uma casa cheia de instrumentos na cidade de Limoeiro em Pernambuco, formam a orquestra mais antiga do Brasil e ainda dão shows com a paixão de principiantes.

Severino, compositor e clarinetista, tem 89 anos e, deixando de lado os momentos em que a saúde o impede, sobe no furgão para viajar pelo país rumo às casas que contratam os serviços da Tabajara, cujos músicos mais jovens mal têm 20 anos.

- Nossa banda é mítica e lendária - explicou à Efe o saxofonista Jaime Araújo, que afirmou que "é a única que sobreviveu no Rio de Janeiro, onde chegaram a existir 20 grandes orquestras que tocavam nos clubes noturnos".

Eram outros tempos, os da música ao vivo, quando as casas de festas brigavam pelas melhores formações e não sabiam, nem queriam saber, o que era um vinil.

Uma época na qual a banda dos Araújo realizava até 30 apresentações por mês, em comparação com pouco mais de dez hoje em dia, o que dá uma idéia da qualidade da Orquestra Tabajara.

Aqueles anos dourados das orquestras no Brasil ficaram para trás e, como disse Jaime, "hoje, a noite está em crise" e há "menos apresentações, mas já é um sucesso manter uma orquestra sem fazer concessões no preço" cobrado, "ou no número de integrantes".

Apesar da época de vacas magras, a Orquestra conta com mais de 20 membros, de quatro gerações diferentes.

Antes de chegar ao Rio de Janeiro, a história da banda foi a de cinco irmãos nascidos no seio de uma família que tinha a música como base da dieta alimentar, já que seu pai era compositor e diretor de orquestra, algo refletido na educação de seus filhos.

Com essa influência, os irmãos começaram a dar seus primeiros passos no mundo da música até se mudarem para Ingá, na Paraíba, onde sua fama cresceu até chegar aos ouvidos de Assis Chateaubriand, então diretor da "Rádio Tupi", que os chamou para sua emissora no início de 1945.

- Foi a coisa mais importante da minha vida e da orquestra, porque vínhamos de uma cidade pequena e era muito estranho contratarem uma banda do nordeste do país para tocar no Rio de Janeiro - explica Jaime Araújo, que lembra suas duas temporadas no Cassino de Estoril como "um acontecimento".

Além de sua estadia na cidade portuguesa, passaram por Paris, Montevidéu e Buenos Aires, assim como por parte dos palcos mais importantes do Brasil, onde divulgaram "a música das 'big bands' americanas, porque na época esse gênero era moda, como o rock hoje", indicou o saxofone dos Araújo.

Enquanto preparam as bodas de platina da Orquestra, os sobreviventes dos Araújo ofereceram em homenagem a seu público e a seus dois irmãos falecidos, Manuel e José, um vídeo que inclui um show no auditório da Rádio Nacional e um documentário sobre a banda, que já pode ser considerada patrimônio cultural do Brasil.