TOM LEÃO
‘Pistol’: biografia sem nada de diferente e com tons caricatos de musical americano
Publicado em 26/08/2022 às 10:13
Alterado em 26/08/2022 às 10:13
Finalmente, chega ao Brasil neste dia 31 de agosto, no Star+, a minissérie biográfica ‘Pistol’, baseada em livro do fundador e guitarrista original dos Sex Pistols, Steve Jones. Com apenas seis capítulos (com cerca de 50 minutos, cada) e com direção do premiado cineasta Danny Boyle (‘Trainspotting’ e ‘Quem quer ser um milionário?’), a série tinha tudo para dar certo, com os nomes envolvidos. Mas, no geral, os episódios não cativam e são até meio chatos. Em certas partes, até irritam. São frios, sem emoção, com pouca vibração. Enfim, sem nada do que fez o punk rock ser a onda selvagem que varreu a música no fim dos 70s. Parece uma caricatura, apesar das fontes originais.
A coisa toda é conduzida by the book: cenas certinhas, falas ditas como se fossem declamadas a partir de livros de história (até parece que os punks, no meio daquilo tudo, teriam visão do que estava acontecendo, para dize-las assim), o que torna os personagens um tanto sem alma (pode-se atribuir isso ao fato de virem do livro de Jones, um analfabeto funcional que só aprendeu a ler aos 40 anos). Até a fotografia é muito limpa, filtrada, não pega nada do que era o clima da Londres que originou o punk (suja, escura). Tem mais cara de musical americano. E os tipos parecem estar fantasiados de punks.
O que empolga mais na série, de modo geral, é a balconista da loja Sex, uma certa Chrissie Hynde (Sydney Chandler), que viria a ser a líder da banda The Pretenders, já nos 80s, e ainda na ativa; e a entrada em cena do indomável Johnny Rotten (anson Boon), a alma dos Sex Pistols, e que nunca foi um poser como vários lá. Hynde teve um caso com Jones, pouco divulgado na época. Por isso, o quase romance entre eles (ela namorava o badalado jornalista musical Nick Kent, do ‘NME”), enche bastante tempo da série, para dar um clima romântico.
Para fãs da banda e do período, resta ver como foi o começo da cena, e alguns tipos importantes dela. Como Jordan (feita por Maisie Williams), que, com seu visual, influenciou o punk e faleceu recentemente; Siouxsie Sioux (que, logo ali, adiante, formaria o Siouxsie & the Banshees), o importante jornalista Nick Kent (que ajudou a divulgar o ‘movimento’), Soo Catwoman, e a anã Helena de Tróia (todas, muito mal exploradas e caricatas, ficam apenas rindo e fumando nas cenas). E sobretudo o casal Malcolm McLaren (o ‘empresário’ e visionário da coisa toda, que apostou na banda e no caos) e sua esposa, a estilista Vivienne Westwood que, através de sua loja, Sex, e das roupas lá expostas, criou o visual punk como conhecemos (já nasceu ‘de butique’), a partir de influências dessa galera que frequentava a loja (especializada em visuais s&m) e de sua própria visão provocante de mundo, à frente de seu tempo.
Um ponto positivo na série (são poucos, além dos atores que fazem Lydon e Hynde) é recriar certos momentos importantes da ascensão dos Pistols. Para quem não conhece e nunca viu, valem a pena. Como na vez em que foram na Thames TV e disseram palavrões em horário nobre (um escândalo nacional). E da vez em que, aproveitando o Jubileu de Prata da rainha, McLaren alugou um barco e botou a banda para tocar ‘God save the queen’ (cujo compacto tinha acabado de ser lançado, e as rádios boicotavam), no Tâmisa, do lado do parlamento, e que acabou com todos os envolvidos sendo presos. E uns poucos momentos da parte da conturbada primeira e única turnê nos EUA, que foi quando a banda acabou em meio a mil problemas internos, como o vício do baixista Sid Vicious em heroína.
Fora isso, ‘Pistol’ é um bocado decepcionante, com partes musicais que entram do nada, o fazendo ficar parecido com um musical americano. Mesmo sendo uma produção do FX/Hulu, dá a impressão de que, por fazerem parte da Disney, puxou-se um freio para que a série ficasse mas polida do que deveria ser.
STREAMINGS+
* O Grupo Box Brazil celebra o seu 10º aniversário com o lançamento de dez novos canais lineares para os segmentos de payTV e plataformas streaming. O grupo, que já programava e distribuía no país os canais Travel Box Brazil (turismo), Music Box Brazil, Prime Box (filmes e séries independentes nacionais), Fashion TV (moda), Box Kids (infantil) e Merkket (negócios), apresenta agora os canais Box Cinema, Box Docs, Box Pipoca, Box Família, Box Stories, Box Curtas, Box LifeStyle e três novos canais voltados para o conteúdo vídeo musical: o Music Box Shows, o Music Box Hits e o Music Box Sertanejo.
* O Disney+ anunciou a estreia de ‘Crescendo’, nova docussérie original, em 8 de setembro, no Disney+ Day.
* A MTV confirmou nomes que irão fazer apresentações musicais no VMA 2022: BLACKPINK, Jack Harlow, Lizzo e a banda Måneskin se apresentarão na premiação que será transmitida, ao vivo, dos EUA, neste domingo, 28 de agosto, às 21h, na MTV.
* A comédia romântica “Rosaline”, estrelada por Kaitlyn Dever (‘Dopesick’), é o novo filme original que estreia em breve, exclusivamente no Star+. É uma versão, com toque de comédia, da clássica história ‘Romeu & Julieta’, contada pela perspectiva da prima de Julieta, Rosaline (Dever), como nunca foi mostrado antes.
* Privacy ultrapassa a OnlyFans no ranking de acessos do site no Brasil, reforçando ser a maior plataforma de venda de conteúdo no país e na América Latina. No ranking, a Privacy ocupa o 260º lugar e a OnlyFans 293º. Os dados foram comprovados pela Similar Web, ferramenta utilizada para mensurar o tráfego das páginas.
* A Starz divulgou o trailer e cartaz oficiais de seu próximo thriller policial mexicano em espanhol, ‘Toda La Sangre’. Os dois primeiros episódios da série estreiam pela plataforma Starzplay na quinta-feira, dia 15 de setembro, em toda a América Latina.
* A movimentada série ‘Cobra Kai’ retorna com a sua quinta temporada, dia 9 de setembro, exclusivamente no Netflix.
Redes sociais: @tomleao