Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

[email protected]

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Sobre o uso de antibióticos e probióticos

Publicado em 22/01/2024 às 10:32

Alterado em 22/01/2024 às 10:32

É surpreendente o que se tem observado com novos estudos fazendo cair por terra a orientação de que quando se usa antibiótico deve-se suplementar probiótico associado, assim como no final do ciclo da medicação, para recuperar a flora intestinal.

Pois é, usar essa estratégia terapêutica, na verdade, retarda a recuperação natural do microbioma.

Veja o que o estudo mostrou

Dividiram porquinho da índia e humanos em 3 grupos:

Grupo 1 – não recebeu probióticos na antibioticoterapia
Grupo 2 – recebeu 11 cepas probióticas por 4 semanas quando acabou o uso do antibiótico
Grupo 3 – realizado transplante fecal de microbioma, usando as fezes do próprio paciente, colhida antes de começar o uso do antibiótico.

Curiosamente, o grupo que se recuperou mais rapidamente foi o sem uso de probióticos.

Apesar do uso de antibióticos poder causar episódios diarreicos que respondem bem aos probióticos, houve um retardo de até 5 meses da recuperação da flora intestinal para retornar à condição de antes do tratamento.

Além disso, a diversidade de bactérias boas ficou menor que antes do tratamento.

Já o grupo que não usou probióticos durante o uso do antibiótico teve uma recuperação espontânea da flora intestinal em 21 dias, dos níveis de pré-tratamento.

O terceiro grupo foi o de melhor desempenho, recuperando-se rapidamente às condições pré-tratamento.
Ou seja, com os lactobacilus a recuperação da microbiota foi a mais lenta.

Agora, novas investigações precisam confirmar que tipo de probióticos pode responder mais adequadamente a essa situação.

Esporobióticos: a solução?
Trata-se dos probióticos que não contém cepas de bacilos vivos, somente esporos, com isso, garantindo proteção do DNA.

Eles não são afetados por antibióticos, e podem portanto recuperar a sua flora intestinal de forma mais segura a efetiva, quando usado durante o tratamento com antibiótico.

Outra ação interessante dos esporobióticos, é que os bacilos convertem açúcar em vitamina C, que tem ação anti-infecciosa.

Os esporobióticos também aumentam a reprodução dos acidophilus e de outros probióticos de forma que suprime patógenos e elevam o efeito antimicrobiano.

Por essas evidências, recomenda-se usar esporobióticos, sempre que for usar antibióticos.

A solução mais simples e econômica, certamente é o uso de fermentados na alimentação que suportam e melhoram a flora intestinal, com ou sem antibióticos.

Referências bibliográficas:
- Curr Opin Gastroenterol. 2011 Oct; 27(6): 496-501
- Nutrients. 2017 Jun; 9(6):555
- Scientific World Journal. 2014; 2014:595962
- JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1997 Nv-Dec; 21(6):357-65
- Can J Microbiol. 2006 Sep; 52(9):877-85
- Journal Of Functional Foods. 2013 Jan; 5(1):116-123
- Br J Nutr. 2013 Nov 14; 110(9):1696-703
- Br J Nutr. 2014 Apr 28; 111(8):1507-17
- Cell. 2018 September 6; 174(6):1406-1423
- Cochrane Search Results, “Should I take probiotics with antibiotics ?
- Gutmicrobiotaforhealth.com, Commensal Bacteria

Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357