Destaques do balanço da Petrobras
Interrompendo uma semana de alta, o Ibovespa caía 0,44% às 12:30, (horário de Brasília), a 152.657 pontos, refletindo o recuo de Wall Street aos impactos do “shutdown” que paralisa voos nos Estados Unidos por falta de controladores nas torres dos aeroportos. Uma das raras ações que se destacam são os papéis da Petrobras PN, que subiam 2,35%, com o mercado reagindo bem aos resultados do 3º trimestre, divulgados ontem à noite e à apresentação hoje aos analistas.
A Petrobras teve lucro de R$ 32,705 bilhões, um aumento de 22,7% sobre o 2º trimestre de 2025. Excluídos os eventos exclusivos, o lucro líquido cai para R$ 28,509 bilhões, um aumento de 23% no período. Nos primeiros nove meses do ano o lucro líquido soma R$ 94,566 bilhões, um aumento de 76,3% sobre igual período do ano passado. Excluídos os eventos extras, o lucro recua para R$ 75,283 bilhões, com uma queda de 11,7% no período. Os dividendos serão de R$ 12,16 bilhões, um aumento de 37,2% no trimestre.
Ganhos com a valorização do real
Entre os principais ganhos com eventos exclusivos, que somaram R$ 6,353 bilhões no 3º trimestre, a Petrobras destaca o impacto positivo de R$ 5,656 bilhões da valorização do real frente ao dólar no 2º trimestre. A reversão de perdas de “impairments” (baixas contábeis) deu ganho de R$ 1,549 bilhão.
Os indicadores de endividamento também foram afetados pela valorização do real. Em 30 de setembro, a dívida bruta alcançou US$ 70,7 bilhões (+3,3% no trimestre). A relação dívida bruta/EBITDA Ajustado foi de 1,83x em 30 de setembro de 2025 contra 1,78x em 30/06/2025. A dívida líquida atingiu US$ 59,1 bilhões em 30 de setembro, um aumento de 0,8% frente a 30 de junho.
Chama a atenção o endividamento de US$ 42,791 bilhões em arrendamento de equipamentos, sobretudo para exploração e produção FPSO e demais plataformas e equipamentos)
Os baixos custos do pré-sal
A receita líquida consolidada somou R$ 127,9 bilhões, avanço de 7,4% trimestralmente, impulsionada pelo aumento de 8% na produção total e exportações recordes de 814 kbpd (mil barris por dia), que compensaram parcialmente o Brent ainda em patamar moderado após um trimestre marcado por grande volatilidade no preço da commodity.
Em nove meses, a queda foi de 14,4%. Em 30 de setembro o Brent valia US$ 69,07, mas os custos de extração da Petrobras estavam em US$ 21,01 em setembro (incluindo fretes e arrendamentos e pagamentos por royalties e participações especiais), com um aumento de 0,5% no trimestre e queda de 5,9% nos primeiros nove meses frente a igual período do ano passado. O destaque, mais uma vez, foi o baixo custo de E&P no pré-sal (US$ 6,91 por barril, incluindo afretamentos) e a redução dos custos no pós sal profundo e águas ultraprofundas (-6,7% no trimestre). Isso eleva as margens de E&P.
Nos primeiros nove meses do ano, os investimentos totalizaram US$ 14,0 bilhões, representando um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No 3º trimestre, os investimentos somaram US$ 5,5 bilhões, um crescimento de 24,3% frente o 2º trimestre deste ano. Na visão caixa, os investimentos somaram US$ 4,9 bilhões no 3º trimestre e US$ 12,9 bilhões no acumulado dos nove primeiros meses do ano. O mercado reagiu aos investimentos, pois preferia mais distribuição de lucros.
Reação no diesel e no QAV
O destaque nas vendas do mercado interno no 3º trimestre (R$ 89,158 bilhões, um aumento de 3,9% no trimestre) foi o aumento de 10,7% na comercialização do diesel. O produto mais vendido no país faturou R$ 38,762 bilhões no trimestre (como reflexo da comercialização das safras agrícolas para exportação) e R$112,132 bilhões em nove meses (+1,5%).
Já a gasolina teve queda de 3,5% nas vendas no trimestre (em parte devido ao aumento de 27% para 30% na mistura de álcool anidro/etanol) na gasolina comum, cujo faturamento encolheu para R$ 16,806 bilhões. De janeiro a setembro, as vendas somaram R$ 51,558, um aumento de 4,6% sobre 2024.
Outro destaque foram as vendas de querosene para aviação (QAV), que somaram R$ 6,060 bilhões, um aumento de 6% no trimestre. No ano, as vendas atingiram R$ 18,344 bilhões, um crescimento de 0,8%.
Exportações faturam R$ 38,748 bi
As exportações da Petrobras alcançaram R$ 38,748 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 16,2%, puxadas pelas vendas de petróleo (R$ 29,453 bilhões ou mais 16,8%. As exportações de óleo combustível, incluindo “bunker” para navios, somaram R$ 6,512 bilhões, com aumento de 5,3% no trimestre. De janeiro a setembro, as exportações totais (incluindo vendas de tradings”) somaram R$ 104,41 bilhões (-0,6%), sendo R$ 76,969 bilhões em petróleo (+0,2%) e R$ 19,608 bilhões em combustíveis (+0,5%).