O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Em 2024, dólar subiu 27,12%, e em 2025?

Publicado em 30/12/2024 às 14:33

Alterado em 30/12/2024 às 14:35

Muitos dos problemas econômicos de 2024, que levaram o Banco Central do Brasil (e vários bancos centrais, a começar pelo Federal Reserve Bank) a alterar seu plano original de baixar os juros, foram causados pela escala do dólar em todo o mundo. Tudo reflexo da eleição de Donald Trump. O candidato republicano prometeu elevar em 25% as tarifas dos produtos canadenses e mexicanos, parceiros da Alca, e impor sobretaxa de mais 10% sobre os produtos “made in China”. Como isso gera inflação, o Fed cortou pela metade os planos de reduzir os juros. Isso valorizou o dólar ante as principais moedas.

E a escalada foi concentrada no 2º semestre. Mesmo com a baixa no último dia do ano, o dólar acumula alta de 27,12%, só superada pelos 27,40% de disparada do dólar frente ao peso argentino. Nem o euro resistiu. O yuane chinês está obrigando o Banco do Povo a fazer milagres para o dólar só subir 3,02%. Numa dança tão frenética, ganhou quem se refugiou nas criptomoedas: mesmo com queda de 4,5% no último pregão do ano, o Bitcoin, a principal moeda escritural subiu 119,45% frente ao dólar.

Para 2025, a previsão da Pesquisa Focus divulgada hoje pelo Banco Central com respostas até a última sexta-feira, 27 de dezembro, é de que o dólar, depois de fechar este ano em R$ 6,05 (R$ 6,06, nas respostas dos últimos cinco dias úteis, vai baixar ligeiramente para R$ 5,96 (R$ 6,00 nas respostas dos últimos cinco dias úteis). Entretanto, mesmo com o dólar mais sereno, o mercado espera que o IPCA, depois de subir 4,90% este ano, superando o teto da meta de inflação (4,50%), vai estourar o teto no ano que vem, com alta de 4,96% (5,09% nas previsões dos últimos cinco dias úteis). Por isso, aposta que a taxa Selic, que fechou em 12,25% ao ano suba de 14,75% ´(na previsão anterior) para 15,00% em 2025. Para 2026 a previsão também subiu de 11,75% para 12% ao ano, mas com IPCA de 4,00% (4,01% nos últimos cinco dias) e o dólar a R$ 5,90.


OLM


LCA prevê índices menores em 2025

A LCA Consultores ajustou suas previsões de inflação. O IPCA de 2024 foi reduzido de 5,0% para +4,9%, com alta de 0,60% em dezembro. Mas janeiro traz uma boa notícia. Com o bônus de Itaipu, que gera um desconto de cerca de R$ 16,0 no consumo médio residencial a consultoria espera uma queda ao redor de -16,1% no IPCA-energia elétrica residencial, com impacto de -0,64 p.p. no IPCA, que teria deflação de -0,05%. A Pesquisa Focus prevê 0,59% em dezembro, -0,02% em janeiro e 1,32% (1,35%) em fevereiro.

Entretanto, em fevereiro a consultoria prevê que o rebote deste desconto de Itaipu significará alta em energia elétrica de cerca de +19,2%, elevando a taxa mensal projetada para o IPCA em fevereiro de 2025 para +1,42%, com forte variação mensal (4,8%) em Educação (pelo impacto da volta às aulas (matrículas e material de ensino) e ainda uma alta acima de 1% em Alimentação e Bebidas (1,48% em dezembro, 1,20% em janeiro e 1,04% em fevereiro, quando a colheita da safra de grãos influir no mercado.

As melhores e as piores na Bolsa em 2024

Quando há um acidente de aviação, as investigações sobre as causas são muito importantes para aumentar a segurança dos voos e para garantir a saúde financeira dos fabricantes de avião. Duas tragédias deste mês de dezembro colheram aviões da Embraer, no Azerbaijão, e da Boeing, na Coreia do Sul. No primeiro caso, como até o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já admitiu que a aeronave pode ter sido abatida pela artilharia antiaérea russa (em guerra contra a Ucrânia), as ações da Embraer ON caíram um pouco (no último pregão têm baixa de 0,80%), mas acumulam valorização recorde de 149,7% na B3, a maior entre as ações listadas. Já as ações da Boeing (sob suspeita de falha mecânica) despencam mais de 4% na Bolsa de Nova Iorque. Por falar em aviação, as ações ON da Azul perderam 78,83% no ano e as da Gol, que estão fora do Ibovespa, caíram mais de 5% em dezembro.

Depois da Embraer, as ações que voaram mais alto na B3 este ano são as ligadas às exportações de carnes e alimentos, a começar pela BRF ON, com alta de 84,8%, à frente da valorização de 74,23% de Marfrig ON, que superou JBS ON, com 48%. Mas uma das surpresas foi o desempenho de Santos Brasil ON (uma das concessionárias de parte do porto de Santos), com valorização de 65,17%, à frente de WEG ON, a mega produtora de motores elétricos e painéis fotovoltaicos, com alta de 46,60%. Outro bom desempenho foi de Cemig ON (+39,40%), com suspeitas de privatização. Aliás, a privatizada Sabesp apresenta alta de 19,18% nas ações ON.

Mas as demais empresas de energia elétrica não vão bem. A Equatorial, uma das sócias da Sabesp, teve queda de 22,29% nas ações ON, a Energisa ON perde 29,48%. Engie ON tem queda de 20,26% e Eletrobrás ON caiu 18,95%, enquanto as PNs tiveram baixa de 15,17%.

Bons desempenhos tiveram BB Seguridade ON (+15,8%) e Caixa Seguros ON (+20,30%). O bom resultado dos seguros pode melhorar o resultado trimestral e anual do Bradesco (controlador de 100% da Bradesco Seguros), mas as ações ON amargaram queda de 28,20% na B3 devido às perdas em provisões para devedores duvidosos de Americanas e Sete Brasil. O BTG Pactual, de André Esteves, mentor da Sete Brasil tem queda de 25,48% nas ações ON, superando as perdas do outro sócio, o Santander, cujas ações ON acumulam baixa de 22,25%. O Itaú que não entrou na Sete Brasil, tem queda de 3,58%.

As maiores perdas no mercado, superando as da Azul, são da CVC ON -89,87%, seguido de Magazine Luiza ON -69,49%, YDUQS ON -62,36%, Cosan ON -56,15% e Azzas 2154, a “holding” gigante da moda brasileira, com queda de 54%.

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