O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Ventos dos EUA derrubam dólar e aí, Copom?

Publicado em 27/09/2024 às 14:04

Alterado em 27/09/2024 às 14:04

Ainda bem que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) não delineou o futuro da política monetária (“foward guidance”), preferindo como disse o presidente, Roberto Campos Neto, definir a trajetória dos juros com os novos dados da economia. E seis dias úteis após o Fed reduzir em 0,50% os juros nos Estados Unidos e o Copom subir 0,25% aqui, os ventos de desaceleração da inflação nos EUA (não do furacão Helene) projetam nova queda de 0,50% em novembro.

O PCE, o índice de preços ao consumidor, principal medida de inflação seguida pelo Fed, subiu apenas 0,1% em agosto (0,2% em julho) e a taxa de 12 meses caiu de 2,5% para 2,2% - quase na meta do Fed, de 2,0%, o que abre espaço para nova queda dos juros de igual magnitude. O efeito foi imediato nos mercados de câmbio, com forte queda do dólar ante o euro, libra esterlina, iene e franco suíço.

No Brasil, depois de fechar ontem a R$ 5,4375, com queda de 0,73%, o dólar abriu a sexta-feira cotado a R$ 5,4409, mas cedeu diante da maré global e estava sendo negociado a R$ 5,4387 às 13 horas, com queda de 0,5%. Em uma semana o dólar caiu 1,35% diante do real e 2,315 nos últimos 30 dias.

Os ventos vindos dos EUA estão pondo em xeque o cenário desenhado pelo Copom para elevar os juros da Selic de 10,50% para 10,75% e projetar 11,50% até janeiro de 2025, segundo o Relatório Trimestral de Inflação, com a Selic descendo a 10,50% em dezembro de 2025 e até 9,5% em 2026. Mas uma das premissas - a taxa cambial de R$ 5,60 – parece ter virado uma quimera.

Mercado de trabalho apertado?

Entre os motivos apontados por RCN para o aperto monetário, o mercado de trabalho apertado, revisão do crescimento econômico, assimetria no balanço de riscos, aumento das projeções de IPCA e piora nas expectativas de inflação, o primeiro indicador foi confirmado hoje pelo IBGE, que divulgou a menor taxa trimestral de desemprego para o trimestre junho-julho-agosto em 6,6% desde que a série foi iniciada.

Este é o menor índice desde os 6,5% do trimestre novembro-dezembro-janeiro de 2014. E o pico do desemprego foi de 14,9%, no trimestre janeiro-fevereiro-março de 2021, no auge do impacto da Covid. Desde então, o índice recuou 8,3 pontos. No governo Bolsonaro fechou em 7,9% no período outubro-novembro-dezembro. Portanto a queda no índice de desemprego, embora constante no governo Lula, não apresenta o grau de preocupação expresso pelo Banco Central, pois a redução veio de 7,9% para 6,6%.

Medalha Tiradentes para JP Prates
O ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi agraciado ontem no plenário da Alerj com a Medalha Tiradentes, a maior honraria do Estado do Rio de Janeiro. A proposição, do deputado André Correia (Solidariedade) foi aprovada por unanimidade dos 70 deputados estaduais e justificada por seus esforços, à frente da estatal, para reativar a economia fluminense, como a reativação da Bacia de Campos, que vai ampliar a arrecadação de royalties dos 92 municípios do RJ, a reativação do antigo Comperj, rebatizado de Complexo Boa Ventura de Energias Renováveis, que inaugurou, há uma semana, a central de processamento de gás o pré-sal (Rota 3), além da reativação da indústria naval.

Prates justificou a demora na reativação do cadastro das 50 empresas agora aprovadas a operar com a Petrobras na área de construção naval, pela necessidade de rigorosa clivagem nos procedimentos internos de cada futuro parceiro, incluindo afastamento de dirigentes inabilitados. O mercado de contratação de embarcações e plataformas anda apertado em todo o mundo e na inter-relação das firmas nacionais com estrangeiras, promovida em rodada de negócios na OTC, em maio, no Texas, já produziu retomada, que é visível no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis.

Gentileza com o colunista e o JB
Em seu discurso de agradecimento, Jean Paul Prates fez questão de destacar o trabalho da imprensa, mesmo em momentos de críticas, e fez menção especial a este colunista e ao nosso Jornal do Brasil, que receberam aplausos dos presentes, entre amigos do homenageado e entidades empresariais do RJ, petroleiros, deputados e funcionários da Alerj.

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