
O OUTRO LADO DA MOEDA
Entrevista de Campos Neto sobe dólar
Publicado em 20/08/2024 às 14:34
Alterado em 20/08/2024 às 14:36
O dólar continuou sua trajetória de baixa nos mercados de câmbio hoje: o euro subia às 12hs 0,18% frente à moeda americana, a libra esterlina ganhava 0,23%, o dólar perdia 0m,54% contra o iene e 0,56% frente ao franco suíço. Mas as exceções eram em relação às moedas emergentes: o dólar valorizava 1,34% ante o peso mexicano, +0,97% ante a lira turca e subia mais de 1% frente ao real.
Depois de ter fechado ontem na mínima de 5,4121 e aberto a 3ª feira a R$ 5,4065, a moeda americana avançou com as dúbias interpretações da entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à jornalista Miriam Leitão, de O Globo. Na verdade, Campos Neto disse que o mercado estava apostando mais na alta de juros no Brasil do que os economistas e ressaltou que os membros do Copom estavam alinhados.
Embora tenha dito que a ideia de intervenção no câmbio tenha sido cogitada há duas semanas, quando o dólar bateu em R$ 5,8657 e descartada, a verdade é que entre a fala e as atitudes, geralmente as autoridades monetárias desconversam para não pistas. Tão logo o dólar começou a subir hoje, o Banco Central entrou no mercado vendendo 12 mil contratos de rolagem de swap cambial, que vendiam em outubro de 2024 para vencimento em março de 2025. E o Tesouro Nacional aproveitou para vender lote integral de 1,15 milhão de LFT em leilão, além de lote integral de 1,2 milhão de NTN-B.
RCN espera sinais de Jackson Hole
Na verdade, Campos Neto está cauteloso porque espera conhecer “in loco” sinais concretos de quando e quanto será o orçamento de baixa dos juros do Federal Reserve Bank adiantado na reunião anual de Jackson Hole, promovido pelo Banco da Reserva Federal de Kansas City, no estado de Wyoming neste fim de semana. Seria bom que fosse acompanhado de Gabriel Galípolo, seu provável sucessor, pois as conversas terão impacto muito além de 31 de dezembro de 2024, quando termina seu mandato e começa o do sucessor.
Em abril, na companhia de Diogo Guillen, diretor de Política Econômica, Campos Neto foi à reunião de primavera do FMI-Banco Mundial, em Washington, quando o Fed adiou o início da baixa de juros em maio e gerou turbulência nos mercados globais. Lá mesmo deu entrevistas para preparar o mercado brasileiro à meia trava no processo de redução dos juros (0,25% em maio, em vez dos 0,50% previstos em março e estabilidade da Selic em 10,50%), cujas turbulências ainda continuam.
JP Prates denuncia jabutis no PL 576/21
Em mensagem enviada ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator do PL 576/21, de sua autoria, o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, fez questão de ressaltar que o projeto de lei original para regulamentar a exploração eólica offshore no país, não comtemplava subsídios e muito menos “jabutis”. Entre os jabutis incluídos na Câmara dos Deputados, consta até a prorrogação, até 2050, dos contratos com usinas a carvão, criados no governo Bolsonaro, em afronta aos princípios do Acordo de Paris.
Os jabutis podem custar mais de R$ 25 bilhões em subsídios ao Tesouro Nacional.
É inacreditável a falta de representatividade da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, que demorou 29 anos para mudar de direção, com o fim do reinado de Eduardo Eugênio Gouvea Vieira, que será substituído no ano que vem por Luiz Césio de Souza Caetano Alves, da Sal Cisne, e mandato até 2028. É uma pena que, mais uma vez a sucessão no Sistema Firjan (nome adotado com a fusão das entidades sob o guarda-chuva da FIERJ em 1994) tenha sido por chapa única, com representatividade de sindicatos de fancaria.
Quando era presidente da Firjan – 1980-94 -, o empresário Arthur João Donato, do Estaleiro Caneco, alterou, em assembleia-geral o estatuto da entidade que representa a indústria do Estado do Rio de Janeiro passando a permitir apenas uma reeleição. Nesta condição, Eduardo Eugênio, então do grupo Ipiranga, foi eleito em 1994 para um mandato de três anos. O acerto prévio é de que seria naturalmente sucedido pelo vice-presidente Márcio Fortes, então presidente da João Fortes Engenharia. Na hora H, depois de cumprir o 2º mandato, Eduardo Eugênio mudou os estatutos e praticamente se eternizou na entidade.
Seu mandato conseguiu superar, em longevidade, os de Wulffo de Freitas Mallman e de Mário Leão Ludolf, ainda no tempo do Distrito Federal e do novo Estado da Guanabara (criado em 1960). Na fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio de Janeiro, em 1975, ocorreu a fusão das duas entidades – a Fiega e a Fierj -, cabendo a presidência na nova FIERJ a Leão Ludolf, que ficou mais cinco anos à frente da entidade. Eduardo Eugênio representava a entidade como sócio de fábrica de sucos em Três Rios, após a venda, retalhada, do Grupo Ipiranga, em 2010, aos grupos Ultra, Petrobras e Braskem.
A título de comparação, entre 1980 e 2024, a Firjan teve só dois presidentes: Arthur João Donato e Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. Já a Fiesp teve Luís Eulálio de Bueno Vidigal (1980-86); Mário Amato (1986-92); Carlos Eduardo Moreira Ferreira (1992-98). Horácio Lafer Piva (1998-2004). Paulo Skaf seguiu os passos de Eduardo Eugênio e esticou o mandato até 2022, alterando os estatutos, até a eleição de Josué Gomes da Silva, da Coteminas.