O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Um PIB forte no 2º trimestre

Publicado em 16/08/2024 às 15:05

Os dados referentes ao PIB do 2º trimestre divulgados hoje, pelo Banco Central e pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, apontaram para forte crescimento da economia. O IBC-Br, a prévia do PIB do Banco Central cresceu 1,4% em junho, em bases com desconto sazonal e acumulou alta de 1,1% no trimestre abril-maio e junho. Já o Monitor do PIB do Ibre-FGV repetiu o comportamento do IBC-Br: +1,4% em junho e +1,1% no trimestre. O IBGE anuncia o PIB oficial do trimestre em 3 de setembro.

No Monitor do PIB-FGV, na comparação interanual a economia cresceu 2,9% no segundo trimestre e 2,9% em junho. A taxa acumulada em 12 meses até junho foi de 2,3%. A previsão oficial do governo para 2024 é de 2,5%.

Investimento avança

“O desempenho do PIB, com crescimento de 1,1% (1,0% no 1º trimestre), mostra que a economia segue crescendo de forma robusta pelo segundo trimestre consecutivo. Esse desempenho trimestral tem forte influência do mês de junho, que foi o que apresentou maior crescimento no período. Pelo lado da demanda, todos os componentes apresentaram crescimento. Destaque para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) que cresceu 3,3% no 2º trimestre, e sinaliza o aumento da capacidade produtiva, que tende a contribuir para o crescimento futuro.”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

A taxa de investimento trimestral chegou a 17,8% em junho, quase empatando com a média de 17,9% desde janeiro de 2000. O destaque foi o componente de máquinas e equipamentos. A elevada contribuição deste segmento no 2º trimestre foi influenciada principalmente por produtos importados, em especial plataformas de petróleo da Petrobras.

Não à toa, as importações cresceram 16,3% no último trimestre, com forte expansão também em bens de consumo e bens intermediários. Já as exportações avançaram 6,4%.

Consumo das famílias sobe 5,3%

O consumo das famílias cresceu 5,3% no trimestre, o melhor desempenho desde 2023. Segundo a FGV, “o consumo segue com crescimento em todas as suas categorias, sendo os principais destaques o consumo de produtos não duráveis, produtos duráveis e de serviços. Cabe mencionar a aceleração do crescimento de consumo de duráveis, que cresceu 13,7% no trimestre, a maior taxa deste segmento desde o trimestre findo em julho de 2021”.

É possível que o fato esteja correlacionado ao início da cobrança do “imposto das comprinhas” em agosto, que provocou uma antecipação de importações.

O agro não é o agronegócio

Recebi hoje um “press-release” da Volkswagen, com propaganda da nova pick-up Amarok, que volta a fazer confusão entre agricultura e agronegócio. Vejam:

“Vida no campo. No cenário agro, a Nova Amarok V6 tem uma importante missão. Atender a um público exigente, de um setor que responde por 24,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Essa é a fatia de representatividade da agricultura no país, que movimenta mais de R$ 2,6 trilhões, possui um superavit de 49,4% e emprega 28,3 milhões de pessoas, de acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”.

Há um enorme erro na compilação dos dados. Segundo as Contas Nacionais do IBGE, a agropecuária (lavouras e criação de animais) representa pouco mais de 8% do PIB de 2023 (que foi o recorde da safra agrícola). Esse é o valor que sai das porteiras das fazendas.

A cana, quando vai para a usina virar álcool ou açúcar, já passa a ser indústria. Idem quando o boi ou o porco sai do confinamento e vai para o abatedouro e depois é retalhado e embalado nos frigoríficos. O mesmo se passa com o frango. No café, no suco de laranja, no algodão e nas plantações de eucalipto (silvicultura) é a mesma coisa: o agro é a menor parte do negócio; a transformação na indústria, que dá valor agregado, é duas ou três vezes maior.

Então, o forte da agroindústria não é o agro, mas a indústria. Só que a imagem de uma pick-up que sai da fazenda para a cidade e vice-versa, é muito mais atraente do que um pátio de um frigorífico, uma usina de açúcar e álcool ou uma fábrica de celulose.

Dólar em nova queda

Depois de fechar ontem em R$ 5,4827, o dólar tem nova queda nesta 6ª feira ante o real, cotado às 12:50 a R$ 5,4790, baixa de 0,08%, refletindo uma desvalorização geral do dólar frente às principais moedas: euro, libra esterlina, iene e franco suíço. A moeda ficou estável frente ao peso mexicano.

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