
O OUTRO LADO DA MOEDA
Dólar ou corcova de dromedário?
Publicado em 14/08/2024 às 16:31
Alterado em 14/08/2024 às 16:31
Marshall Berman quando escreveu “Tudo que é sólido se desmancha no ar”, certamente não lhe passou pela cabeça o sobe e desce das cotações dos ativos. Pois o rali de alta do dólar, que parecia sólido contra algumas das principais moedas, se desmanchou no ar em menos de um mês. Provando que as expectativas especulativas dos fundos globais foram furadas pela realidade.
Deu tempo para ganhar na escalada de alta e se ajustar na descida da montanha. Se observarmos as cotações do dólar frente ao real de 15 de junho quando o dólar teve a cotação mínima de R$ 5, 4292 e fechou a R$ 5,4448, até o pico de R$ 5,8657 em 5 de agosto e o recuo para os R$ 5,4514 das 14 horas de 14 de agosto (após ter atingido a mínima de R$ 5,4293 na manhã), temos um gráfico semelhante à corcova de dromedário.
O desempenho no dia até após o almoço era de valorização do real em 0,05%, uma recuperação de 3,42% em uma semana e uma desvalorização de apenas 0,07% no mês. Uma perda muito pequena para quem chegou a perder mais de 10% em julho. O comportamento do real guardou simetria com o desempenho do iene frente ao dólar. A moeda japonesa, que tinha juros praticamente negativos, foi alvo de especulação depois que o FED adiou o início da baixa dos juros nos Estados Unidos em maio (adiada agora para setembro, motivo do recuo das cotações em agosto). O iene valorizava hoje 0,11% frente ao dólar, perdia 0,02% em uma semana e recuperava 7,70% em 30 dias.
A questão é saber se o recuo das cotações do dólar vai implicar recuo dos preços que subiram no embalo da escalado do dólar. Certamente os produtos importados, não, mas os produzidos e transacionados no mercado doméstico podem cair com a manutenção dos juros altos que está assustando o consumidor. O Banco Central tem ameaçado elevar os juros, se necessário, para desestimular estoques especulativos. Por enquanto, derrubou o dólar.
Varejo rateia nos supermercados
A queda de 1% no volume de vendas do varejo restrito em junho, chama a atenção, pois superou em muito as expectativas do mercado, sobretudo pela queda de 2,1% no volume de vendas dos hipermercados e de -2,7% nos supermercados. A queda dos alimentos (1,00% em julho) pode ter resposta mais favorável nas vendas no mês que passou, mas o aumento dos combustíveis pode ter comprimido as despesas da classe média.
É estranho que, apesar da queda no varejo restrito, o volume de vendas do varejo ampliado (motos e veículos e autopeças e materiais de construção, além do atacarejo) tenha crescido 3,9% em Veículos e motos, partes e peças cresceu 3,9% em junho com relação a maio, enquanto o setor de Material de construção obteve alta de 4,8%.
Simulações do Dia dos Pais mostram queda
As primeiras simulações sobre o movimento de venda do Dia dos Pais acusou queda de 1,8%, segundo dados da Serasa Experian e baixa de 3,3% no final de semana do Dia dos Pais (9 a 11 de agosto de 2024) em comparação com 2023 (11 a 13 de agosto de 2023). “Com a inadimplência ainda em alta, a prioridade dos consumidores é a reestruturação financeira para o pagamento e renegociação de dívidas, deixando as compras e presentes em segundo plano”, avalia o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
O próprio comércio, pressentindo o fraco movimento - atropelado pelo frio e as Olimpíadas - não fez muita propaganda para a data.