O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Inflação cai, mas sobe em alimentos

Publicado em 26/06/2024 às 14:54

A prévia da inflação de junho, medida pelo iPCA-15, que o IBGE divulgou nesta quarta-feira, com alta de 0,39%, ficou abaixo dos 0,45% previstos pelo mercado, e dos 0,44% de maio, mas mostrou forte especulação com os preços dos alimentos, provando que o governo tinha razão em tentar furar a bolha especulativa com eventuais faltas de alimentos do Rio Grande do Sul com a importação de arroz, cuja produção está 65% concentrada em solo gaúcho.

O item Alimentação e Bebidas, que tinha subido 0,26% no IPCA-15 de maio (quando ainda não havia impacto dos estragos causados pelas enchentes no RS), disparou 0,98% (mais do que triplicando), com altas lideradas pela batata-inglesa (+24,18% e impacto de 0,06% no IPCA-15) e pelo leite longa vida, que aumentou 8,84% mas teve impacto de 0,07% na prévia da inflação. O arroz subiu 4,20%, com impacto de 0,03% na inflação, em parte compensada pela queda de 4,69% no feijão carioca e na baixa de 0,15% das carnes.

Pior impacto (0,08%) teve o reajuste de 6,91%, iniciado a partir de maio nas mensalidades dos planos de saúde, que será apropriado mensalmente (nos 0,57% de junho) em 12 meses. A inflação desacelerou em junho pela queda de 9,87% nas passagens aéreas, com impacto deflacionário de 0,07 ponto percentual no IPCA-15.

Com ajuda da queda do bilhete aéreo, o item Transporte caiu 0,23% e contribuiu com baixa de 0,05 p.p. no índice geral. O etanol, que vinha pressionando os preços da gasolina, pois entra com 27% na mistura, caiu 0,80%, mas a gasolina só baixou 0,13%, mostrando a face perversa da indexação: os preços finais sobem logo, mas custam a cair na mesma proporção da baixa de eventuais insumos.

A inflação em três meses
Um exame das pressões nos últimos três meses, quando houve alta do dólar que levou o Banco Central a brecar a queda da taxa Selic em 10,50%, revela que a inflação do IPCA-15 acumula alta de 1,04%, mas a Alimentação e Bebidas, que tem o maior peso nos orçamentos familiares subiu 1,86%. Entretanto o item que mais acumulou alta no período foi o de Saúde e Cuidados Pessoais, com 2,44%, refletindo o aumento de 9,67% nos reajustes até maio e os 6,91% já captados em junho.

Os planos de saúde e a Educação trazem o impacto ao presente da indexação dos preços passados. Por isso superam e impactam a inflação acumulada em 12 meses, que estava em 4,06% em junho no IPCA-15, sendo superada pelos aumentos de 4,55% nos Alimentos e Bebidas. As despesas com Saúde e Cuidados Pessoais acumulam alta de 6,04$, sendo de 9,16% os reajustes dos Planos de Saúde. Já a Educação, com os reajustes anuais em janeiro e fevereiro, acumulando alta de 6,92% em 12 meses, a ser diluído até dezembro.

Outro item que pesou foi o Vestuário, com a sazonal troca da estação – mas os lojistas estão com a coleção outono-inverno encalhada devido à onda de calor trazida pelo El Niño e deve vir liquidação por aí.
Outro dado importante, apontado pelo Itaú, foi a desaceleração anual de serviços, de 4,80% para 4,80%, mas o banco nota que ainda há pressão na mão de obra de serviços.


OLM

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