O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Pela FGV, PIB cresceu 0,7% no 1º tri

Publicado em 16/05/2024 às 13:49

Alterado em 16/05/2024 às 14:01

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, que durante muitos anos (até 1979) calculava a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do país, divulgou hoje o seu “Monitor do PIB”, que procura antecipar o resultado que o IBGE divulgará em 4 de junho. Na comparação com o último trimestre de 2023, o PIB avançou 0,7% e, na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 2,3%.

Na base mensal, o PIB avançou 0,4% em março (praticamente o mesmo resultado do IBC-Br, o indicador antecedente do Banco Central, divulgado ontem, com variação positiva de 0,38% sobre fevereiro. Entretanto, na comparação com o 1º trimestre do ano passado a variação do IBC-Br foi de apenas 1,08%, com ajuste sazonal. Os números do IBGE vão mostrar quem estava certo.


FGV



Composição benigna do PIB

Como o PIB amealhou os dados da economia antes do desastre climático do Rio Grande do Sul arrasar a economia local e se refletir nas cadeias produtivas do país (o estado é importante fornecedor de alimentos, produtos petroquímicos e de autopeças, máquinas e equipamentos rodoviários e agrícolas), a composição do crescimento mostrou continuidade do consumo das famílias, com alta de 4,4% no trimestre, contra 3,9% em igual período de 2023 (reflexo do novo salário-mínimo, do novo Bolsa Família e do pagamento dos precatórios atrasados desde 2021 pelo governo Bolsonaro).

A indústria e o setor de serviços puxaram o crescimento, com reversão do papel da agropecuária em 2023, devido à quebra das safras de grãos pelos impactos climáticos do El Niño. Mas o Ibre observa que “a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 3,4% no primeiro trimestre, mostrando continuidade da recuperação iniciada no trimestre findo em fevereiro. Com a expectativa de continuidade da redução dos juros ao longo de 2024 e com a base de comparação muito negativa para os demais trimestres de 2023, há a perspectiva de que estes resultados positivos sigam sendo observados na FBCF ao longo de 2024”.

Importação cresce mais que exportação

Pelo impacto do El Niño, as exportações cresceram apenas 6,8% no trimestre, mas com bom desempenho de praticamente todos os seus segmentos, salvo as quedas de bens intermediários e de capital. Os produtos agropecuários, o tiveram significativa redução no 1º trimestre, em comparação ao que foi observado em 2023. Já as importações cresceram 11,0%, influenciado por serviços e bens intermediários. Como reitera o Ibre, “o crescimento da importação de bens intermediários, no início de 2024, pode indicar maior demanda por parte da indústria de transformação. O destaque negativo foi a importação de produtos da extrativa mineral que retraiu, porém em magnitude pequena (-1,8%), resultado da redução das compras de combustíveis pela Petrobras, que passou a refinar mais petróleo do pré-sal em suas refinarias, que operaram com 925 da capacidade instalada no 1º trimestre.

Ibre culpa juro pelo baixo investimento

O Instituto Brasileiro de Economia notou recuperação ainda modesta da taxa de investimento da economia (para 18,4% no 1º trimestre) e atribuiu o fato ao impacto, desde 2023, na redução dos níveis das taxas apresentadas em 2021 e 2022. “Isto foi resultado do desempenho positivo do PIB enquanto a FBCF retraiu em 2023, muito influenciada pelo elevado nível das taxas de juros. No início de 2024 a taxa ainda está em nível baixo (18,4%), porém melhor do que iniciou o ano de 2023”.

Ou seja, a parada na baixa dos juros pelo Banco Central tende a inibir os investimentos na reciclagem da transição energética da indústria brasileira.


FGV



A Caixa é o caixa da área social

Principal agente operador dos programas sociais do governo federal, a Caixa Econômica Federal realizou no 1º trimestre o pagamento de benefícios no montante de R$ 93,1 bilhões, distribuídos em 101,3 milhões de parcelas de programas sociais. Lidera a lista o Bolsa Família, com R$ 40,5 bilhões, distribuídos em 61,8 milhões de parcelas pagas a 21,1 milhões de famílias.

Os 6,2 milhões beneficiários do INSS receberam R$ 33,6 bilhões em 19,8 milhões de parcelas. Já os 3,8 milhões de beneficiários do Seguro-Desemprego receberam R$ 13,8 bilhões distribuídos em 8,4 milhões de parcelas. Apesar de tantos programas, a CEF teve lucro recorrente de R$ 2,883 bilhões no primeiro trimestre, com alta de 49% sobre igual período de 2023 e aumento de modestos 0,5% sobre o 4º trimestre do ano passado.

Com tantos programas, e mais as tratativas para saque do FGTS e do PIS, que antecedem o uso dos cartões magnéticos, dá para entender por que as agências da Caixa são as únicas da rede bancária com grandes filas na porta antes da abertura do expediente bancário. Mas, não seria o caso de o atendimento para as questões burocráticas começar uma hora mais cedo? Facilitaria a vida dos trabalhadores e demais clientes. A burocracia é tal que o atendimento interno segue mesmo após as portas fecharem, às 16 horas.