O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Dívida: juros de 718 bi em 23 e 209 bi até março

Publicado em 06/05/2024 às 12:23

Alterado em 06/05/2024 às 12:23

O governo fez tremendo esforço de arrecadação no começo deste ano, com recordes de janeiro a março, mas o superávit primário (receitas menos despesas) de março, de R$ 1,177 bilhão, mal deu para pagar 2% dos juros da dívida do mês, que somaram R$ 64,158 bilhões. Os juros devidos principalmente aos investidores em papéis do Tesouro Nacional (69,1% regulados pela taxa Selic, que estava em 10,75% e deve cair esta semana para 10,25% ao ano) e aos banqueiros da Faria Lima já somam R$ 209,239 bilhões de janeiro a março (R$ 181,790 bilhões no mesmo período de 2023.

Eles superam em cinco vezes o resultado primário, negativo de R$ 54,632.

Os montantes de juros não param de crescer na esteira das altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central. Depois de acumular R$ 718,294 bilhões no ano passado, o montante de juros que vai ser pago (ou rolado) as investidores neste 1º trimestre (R$ 209,239 bilhões) já superam a soma do orçamento do SUS para 2024 (R$ 155 bilhões) ou o orçamento do Bolsa Família para 2024 (R$ 169,7 bilhões), Pelo andar da carruagem, se os juros repetirem o montante do ano passado comerão, em transferência de renda para o andar de cima mais do que todas as verbas ddo governo para programa sociais, incluindo a educação.

Focus: mercado vê Selic em 9,75%
E o relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central, com previsões do mercado financeiro até a última 6ª feira, 3 de maio, traz uma má notícia, que deve ser digerida nos próximos dois dias pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Diante do retardo da baixa de juros nos Estados Unidos, pelo Federal Reserve, o mercado elevou, na mediana das previsões de 148 instituições financeiras, consultorias e institutos de pesquisa a taxa final da Selic este ano para 9,63%. E a mediana das respostas de 100 agentes nos últimos cinco dias úteis previu uma Selic de 9,75% em dezembro (como previu o Itaú, dia 12 de abril).

O mercado manteve a taxa de 2025 em 9%, mas elevou a de 2026 para 8,75%. A alta do PIB deste ano foi elevada de 2,02% para 2,05% (2,10% nas previsões dos últimos cinco dias úteis.

Inflação sobe sem assustar
A previsões para o IPCA de dezembro caíram de 3,73% na semana anterior para 3,72% (3,71% nos últimos 5 dias), mas a de 2025 subiu de 3,60% para 3,64% (3,65% em 5 dias úteis).

Também houve ligeiras elevações de curto prazo. O IPCA de abril, que o IBGE divulga 6ª feira, foi estimado em 0,34% (0,35% nos últimos cinco dias). Como a taxa de abril de 2023 foi de 0,61%, a inflação em 12 meses segue em queda.

Mas as projeções para maio (0,29% na mediana e 0,30% em cinco dias) apontam repique na inflação em maio, pois foi de apenas 0,23% em 2023. Idem em junho (negativa em 0,08% em 2023), pois o mercado prevê 0,17% e 0,16%.