O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Fed deixa mercados em suspense

Publicado em 17/04/2024 às 17:16

Alterado em 17/04/2024 às 17:16

Ao adotar ontem um tom mais duro em relação à inflação e à política monetária dos Estados Unidos, o presidente do Fed, Jerome Powell, deixou ontem os mercados mais uma vez em suspense. Embora hoje o barril do Brent tenha resistido abaixo da faixa de US$ 90, em meio à valorização do dólar (o que tende a reduzir as cotações), aguarda-se panorama mais definido com os pronunciamentos esperados de hoje até o fim de semana pelos membros integrantes do Federal Open Market Committee (FOMC).

Pelo sim, pelo não, embora Powel tenha sinalizado que é preciso aguardar para que novos dados da economia deem garantias para iniciar o processo de flexibilização monetária para a convergência da inflação para a meta, os mercados futuros de juros dos EUA apontaram queda nos papéis do Tesouro de dois e cinco anos.

FMI vê resiliência da economia global
Na edição de abril do World Economic Outlook, publicação semestral do FMI que avalia o cenário econômico global, foi enfatizada a resiliência da atividade econômica mundial, embora com heterogeneidade entre países e regiões. A maior parte das economias permaneceu com um ritmo de crescimento resiliente, dentro do contexto de aperto monetário global sincronizado. A inflação também recuou de maneira geral, ainda que a convergência plena da inflação nas principais economias para as metas ainda não tenha ocorrido. Para o FMI, o processo deve ocorrer mais cedo em economias desenvolvidas, e mais tarde nas emergentes.

O FMI projeta crescimento de 3,2% do PIB mundial em 2024, acima dos 2,9% projetados em setembro. Para 2025, a projeção para o PIB mundial permaneceu quase inalterado em 3,2%. O Brasil teve o crescimento elevado de 1,7% para 2,2% este ano e a taxa de 2025 subiu de 1,9% para 2,1%.
No IBC-Br, o indicador do PIB do Banco Central, divulgado hoje, o país teve crescimento de 0,4$ em fevereiro (a LCA Consultores previa 0,3% e a mediana do mercado esperava 0,9). No acumulado do ano o IBC-Br avançou 0,9%. Nos últimos três meses o PIB do Banco Central cresceu 1,23%, com ajuste sazonal.

Descrença com meta fiscal
As projeções do FMI usam dados projetados pelos ministérios das Finanças e bancos centrais dos países membros, complementados com pesquisas junto a “Think Thanks” de cada país. Assim, o FMI evoluiu da posição pessimista do BC para a otimista da Fazenda, que prevê 2,2% em 2024.

Mas o FMI, antes mesmo dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento anunciarem pira nas metas fiscais, já considerada a previsão de déficit primário (receita menos despesas, sem contar os juros da dívida) de 0,6% este ano (mais em linha com as previsões do mercado, leia-se Itaú) e de 0,3% em 2025, quando o governo previu déficit 0,0%.

Brasil, hoje a nona economia do mundo, vai passar a Itália até 2030 e terá o oitavo posto entre os 10 maiores PIBs do mundo. EUA continuarão com larga vantagem sobre a China, mas a Alemanha (hoje em terceiro) e o Japão serão superados pela Índia (que deve assumir o lugar do Japão ano que vem e da Alemanha lá por 2026-27). Outro país em crescimento acelerado é o Canadá.

O alto preço da pirataria
Produzida pela CNI, Fiesp e Firjan, nota técnica “Brasil Ilegal em Números” será apresentada ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em evento na CNI amanhã, em Brasília. Segundo o estudo, a compra a baixo custo de mercadorias oriundas do contrabando, pirataria, roubo, concorrência desleal por fraude fiscal, sonegação de impostos e furto de serviços públicos são algumas das ações ilegais provocaram um prejuízo econômico de R$ 453,5 bilhões ao país em 2022.

Deste total, a maior parte refere-se aos prejuízos diretos com os impostos que deixaram de ser arrecadados (R$ 136 bilhões) pelos governos e poderiam ser revertidos em bem-estar para a sociedade.

“A cifra de R$ 453,5 bilhões é um desastre nacional, que atinge todo cidadão, governos municipais, estaduais e União. São recursos que equivalem a todo o PIB do estado de Santa Catarina, por exemplo. A CNI, Fiesp e Firjan querem chamar a atenção para essa calamidade. Queremos contribuir para que os governos adotem medidas mais rígidas para combater essa ilegalidade, investindo ainda mais em segurança pública em todo o país”, afirma Carlos Erane de Aguiar, diretor da Fiesp e da Firjan na área de segurança.

Só nos 15 setores afetados pelo mercado ilícito, o Brasil deixou de gerar quase 370 mil empregos com carteira assinada em 2022. Os setores atingidos são: audiovisual (filmes), bebidas alcoólicas, brinquedos, celulares, cigarros, combustíveis, fármacos, cosméticos e higiene pessoal, defensivos agrícolas, material esportivo, óculos, PCs, perfumes importados, TV por assinatura e vestuário.