O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

A Focus ficou fora de foco

Publicado em 16/04/2024 às 16:06

Alterado em 16/04/2024 às 16:06

A Pesquisa semanal Focus, colhida pelo Banco Central até a última 6ª feira e divulgada nesta 3ª feira pelo BC mostrou que os fatos do fim de semana, com o agravamento da crise geopolítica do Oriente Médio, que colocou o barril do petróleo tipo Brent acima de US$ 90 e fortaleceu a visão de que os juros nã0 irão ceder nem cedo nem tanto como se esperava nos Estados Unidos para combater o surto inflacionário.

O impacto da alta dos juros, que fortalece o dólar - que hoje cehgou a ser cotado a R$ 5,28, com alta de 1,70% (após o meio-dia a cotação cedeu liogeiramente para R$ 5,27) – reflete a expactativa de que o Banco Central terá de ser mais cauteloso na redução da taxa Selic, depois da redução de 0,50 ponto percentual previsto para 8 de maio, quando ficaria em 10,25%, para não desestimular o ingresso de dólares no país.

A mediana do mercado não previu que a escalada do dólar seja duradoura, assim como as cotações– as apostas para o petróleo também não preveem manutenção da alta atual (tudo depende da intensidade da resposta de Israel ao ataque do Irã, no fim de semana, em represália ao bombardeio da representação diplomática iraniana em Damasco-Síria). A mediana da Focus previu que o dólar feche dezembro em R$ 4,97 (contra R$ 4,95 na semana anterior), mas as respostas dos últimos dias úteis apontavam R$ 5,00.
Impacto das contas públicas

O Itaú já tinha antecipado a deterioração das contas públicas na 6ª feira, como antecipamos aqui, elevando a previsão da Selic em 9,75% em dezembro (antes 9,25%) pela mudança da queda esperada nos EUA. Juros altos têm impacto na ecpnomia e na arrecadação (que estiveram fortes neste 1º semestre). O Itau elevou o IPCA de 3,6% para 3,7% e o de 2025 de 3,5% para 3,6%.

Com o esfriamento da economia no 2º período, o Itau previu déficit primário de 0,6% do PIB este ano (o crescimento foi elevado de 2,0% para 2,3%), menor que os0,7% anteriores (pelo aumento do PIB), mas o deficit de 2025 ficaria em 0,9% do PIB, numa antecipação das dificuldades confirmadas pelo governo na apresentação, ontem, do PLDO de 2025, que alterou a meta de resultado primário para os próximos anos.
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias revisou a meta de resultado primário de superávit de 0,5% do PIB para 0,0% em 2025, incluindo um salário mínimo de R$ 1.502. Para os próximos anos, as novas metas são de superávit de 0,25% do PIB para 2026, 0,5% e 1,0%, em 2027 e 2028, nessa ordem. Mas as previsões da Focus apontaram mediana de 9,13% na Selic em dezembro (9,25% nas respostas dos últimos cinco dias úteis) e déficit primário de 0,70% do PIB em 2024 (0,70% nos últimos cinco dias) com o déficit de 2025 subindo de 0,6% para 0,7% do PIB.

O Depec Bradesco, que já esperava a mudança (pois previa e manteve a previsão de déficit primário de 0,6% do PIB para 2024 e 2025), observa que em todos os casos, os limites superiores e inferiores para o cumprimento das metas seguem de 0,25% do PIB. Segundo as estimativas do governo, a dívida bruta do governo geral atinge seu ápice em 2027, ao alcançar 79,7% do PIB.

Crescimento faz China querer Paz
O PIB da China surpreendeu para cima no 1º trimestre, com crescimento de 5,3% em relação ao mesmo período do ano passado, superando as expectativas do mercado, de 4,8%. Parte importante da surpresa positiva pode ser atribuída aos resultados robustos na atividade econômica entre janeiro e fevereiro, sobretudo no desempenho das exportações e produção industrial.

Mas os dados de atividade, setor externo e crédito em março deram sinais de perda de tração. Esse é um dado importante que coloca a China francamente contrária a tensões geopolíticas que gerem inflaçõa e alta de juros, o que esfriaria o apetite de consumo das economias mais desenvolvidas e emergenteso. Em outras palavras, a China vai batalhar pela Laz.

Os resultados, segundo o Depec Bradesco, “trazem um viés de maior dinamismo na atividade econômica chinesa ao longo do ano, que pode sustentar pressões sobre os preços de commodities (especialmente metálicas e energéticas) e limitar o efeito deflacionário da China para o restante do mundo”. Desde que a guerra não escale.