O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

BTG lucra R$ 10,4 bi e bate Santander

Publicado em 05/02/2024 às 17:57

Alterado em 05/02/2024 às 17:57

Com a divulgação, após o fechamento dos mercados, do resultado do Itaú Unibanco holding no quarto trimestre, já dará para medir a tendência da rentabilidade do sistema bancário em 2023. Os analistas esperam elevação de 30% nos lucros do último trimestre. Como o Itaú, incluindo operações da América Latina da “holding”, lucrou R$ 9,04 bilhões, isso projeta lucro de R$ 9,4/9,5 bilhões no último trimestre, e lucro anual de R$ 34/35 bilhões em 2023.

Apesar da “performance”, que deve vir acompanhada de generosa distribuição de dividendos, o Itaú pode vir a ser superado em 2023 pelo Banco do Brasil, que acumulou ganhos de R$ 24,957 bilhões até setembro, contra R$ 26,217 bilhões do Itaú. Excluindo os impactos das filiais no exterior (o BB também é ativo), sem dúvida, o BB deve se manter como o maior banco do país. Na gestão de recursos, segundo a Anbima, o BB amealhou R$ 1.495,4 bilhões, contra R$ 1.435,9 bilhões do Itaú. A distância sobre o Bradesco (divulga os resultados na quarta-feira) se alargou na gestão de recursos, com o banco da Cidade de Deus amealhando R$ 1.043,5 bilhões.

O efeito Americanas
Um dos fatores que vai influir nos lucros são as provisões para as Americanas e outras empresas em recuperação judicial (Light, Gol, Unigel). O Bradesco, que era o maior credor, seguido pelo Itaú (considerando os fundos geridos pelo Itaú), sofreu muito e os ganhos só não foram menores graças aos resultados da Bradesco Seguros, controlada 100% pelo banco.
O Santander, que já divulgou os resultados em 2023, teve de elevar fortemente as provisões no último trimestre para cobrer perdas de devedores duvidosos e encolheu o lucro em 27%. A filial brasileira da organização de Ana Botin, já perdeu posição para o BTG-Pactual no ranking de gestores de recursos. Segundo a Anbima, o Santander tinha R$ 414 bilhões sob sua gestão, sendo superado pelos R$ 593,5 bilhões do BTG-Pactual, que ficou na quinta posição, atrás dos R$ 626,6 bilhões da Caixa Econômica Federal.

BTG entra na faixa de R$ 10 bi de lucro
O resultado do BTG-Pactual no quarto trimestre (R$ 2,847 bilhões) ficou bem acima dos R$ 2,2 bilhões do Santander no mesmo período e consolidou a posição do banco controlado por André Esteves como o quinto de maior lucro do país. O lucro acumulado recorrente e consolidado do BGT-Pactual em 2023 (R$ 10,419 bilhões) não só o inscreveu no seleto grupo de instituições financeiras que geram mais de R$ 10 bilhões de resultado, como desbancou o Santander, que ficou com modestos R$ 9,383 bilhões, com as perdas da Americanas.

A CEF, que lucrou R$ 7m8 bilhões de janeiro a setembro, também pode fazer parte do grupo com mais de R$ 10 bi de lucro. O Bradesco corre o risco de não atingir R$ 22 bilhões, o que o deixaria muito distante do Itaú e do BB.

Clivagem poupa recursos públicos
Os dados já revelados na peneira feita pelo Ministério do Desenvolvimento Social na listagem dos beneficiários do Bolsa Família é um indicador animador para que outras unidades do governo façam clivagem para verificar a autenticidade das credenciais dos beneficiários dos programas sociais.

É sabido que as varreduras (sempre criticadas) nos beneficiários dos diversos programas do INSS (seja aposentados que já morreram e não deram baixa, seja beneficiários do seguro-desemprego que já estão empregados, mas evitam assinar a carteira para não perder o pecúlio, ou mesmo quem estava de licença médica, mas já estava curado e trabalhando e continuava pendurado no INSS) têm poupado muito dinheiro público. O mesmo se passado no BPC.

Mas é espantoso o que já se economizou na varredura do cadastro do Bolsa Família. Quando o programa foi batizado de Auxílio Emergencial, no governo Bolsonaro, ele teve um súbito aumento quando o AE foi reajustado para R$ 600 em jullho de 2022 (como parte do pacote eleitoreiro do candidato ã reeleição). Ao fim de 2022 havia 5,8 milhões de beneficiários unifamíliares. Após o “pente fino”, o cadastro cortou 1,7 milhão de benefícios indevidos (a R$ 600 cada, uma economia de R$ 1,020 bilhão mensais, ou R$ 12,240 bilhões em um ano). Vale lembrar que o recadastramento no meio do ano passado encontrou 17 milhões de inscrições irregulares e o programa conseguiu incluir 1,3 milhão que tinham direito, mas estavam à margem do programa social.

Justiça fiscal
Imagine-se o que está escorrendo em benefícios fiscais e abatimentos do IR?
Por isso, o secretário especial de Reforma Tributária, Bernard Appy, defende um pente fino geral. Pode-se poupar muito e redirecionar os parcos recursos públicos a quem precisa. Isso se chama justiça fiscal.