O OUTRO LADO DA MOEDA
Gasolina não enche barriga nenhuma
Publicado em 15/08/2022 às 13:21
Alterado em 15/08/2022 às 13:21

O governo Bolsonaro está fazendo um tremendo esforço eleitoral para derrubar a inflação a canetadas BIC, mediante redução temporária de impostos (ICMS dos estados e municípios) da energia elétrica (que também teve reajustes revogados pela Aneel), telecomunicações e combustíveis além do pagamento de R$ 41,2 bilhões em benesses aos eleitores. Mas o que enche barriga e pesa nas despesas familiares da população de menor renda (a maioria que ganha até 2 salários mínimos) é a alimentação. E esta não para de subir.
Por isso, a pesquisa semanal FSB/BTG Pactual, que ouviu 2.000 eleitores entre 6ª feira (12) e domingo (14) e divulgada hoje, véspera da campanha eleitoral no rádio e TV, em 16 de agosto, quando começa a ser pago o vale caminhoneiro de R$ 1 mil, e a 2ª rodada do Auxílio Brasil de R$ 600, mostrou que as benesses de R$ 41,2 bilhões a serem distribuídas até 31 de dezembro, quando vale a redução de impostos, ainda não seduziram o eleitor a votar em Bolsonaro.
Na pesquisa induzida, o presidente manteve os 34% da pesquisa de 8 de agosto, enquanto Lula, que ganhou o apoio de André Janones (tinha 2% e desistiu para apoiar o ex-presidente), ampliou em 4 pontos percentuais as intenções de votos e ganharia no 1º turno com 45% a 44% (soma dos demais candidatos). Ciro tinha 8% e Simone Tebet 2%.
No voto espontâneo a vantagem do ex-presidente Lula foi ainda maior. Ele subiu de 38% para 41% das intenções de votos, enquanto Bolsonaro oscilou de 31% para 32%. Ciro Gomes teve 3% das menções, enquanto os demais candidatos somaram 2%. Em caso de 2º turno, o ex-presidente Lula avançou de 51% para 53% dos votos, em relação à pesquisa da semana passada, enquanto Bolsonaro caiu de 39% para 38%.
A divisão por regiões
A região Sudeste é a região mais disputado pelos dois candidatos, já que concentra 42,9% do eleitorado. Segundo a pesquisa FSB/BTG, Lula lidera no Sudeste por 39% a 36%. Em termos ponderados significa que Lula garante no Sudeste 16,731% dos votos nacionais. Já Bolsonaro, com 36%, arranca 15,444% dos votos do país.
Os nove estados do Nordeste são a 2ª maior concentração de eleitores (26,9% e é lá que Lula tira sua maior vantagem: 64% a 19%, o que resulta (pela média ponderada) numa vantagem de 17,216% a 5,11%. O Sul, que concentra 14,8% dos votos em três estados), é a região onde Bolsonaro livra a maior vantagem sobre Lula: 45% a 37%, ou 6,66% a 5,476% na média ponderada.
A FSB agregou a região Norte (que tem 8% dos votos) e o Centro-Oeste, que tem 7,4% dos votos em uma única região, que soma 15,4%. Bolsonaro livra pequena vantagem de 41% a 38% sobre Lula. Pela média ponderada, a vantagem seria de 6,314% a 5,852%.
Na métrica arredondada da FSB, Lula vence por 45% a 34%. Na subdivisão por média ponderada Lula teria um pouco mais que 45% e Bolsonaro um pouco menos que 34%.
Como se percebe, há dois nítidos campos de batalha: o Sudeste, onde quem ganhar (sobretudo em São Paulo, que tem 21,8% do colégio eleitoral, e Minas Gerais, que tem 10,5% dos eleitores, e o RJ, que tem 8,5%) leva a eleição; e o Nordeste (que tem a Bahia como maior colégio, com 7% dos votos nacional, Pernambuco com 4,5% e Ceará, com 4,3%), onde a larga vantagem de Lula, até aqui, cobre com folgas as perdas no Sul e no Norte e Centro Oeste.
5G: menos um trunfo na campanha
No calendário eleitoral programado pela equipe de Jair Bolsonaro, a inauguração da banda 5G nas principais capitais do país até 30 de setembro, nas vésperas da eleição do 1º turno, seria um trunfo para a reeleição do presidente da República. Em nome deste projeto, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, deputado federal licenciado pelo Rio Grande do Norte (PSD) desistiu de concorrer a qualquer cargo para preparar mais um “out-door” presidencial.
Mas a Anatel anunciou na semana passada que nada menos que 15 capitais devem ter o cronograma de implantação da tecnologia 5 G adiado para novembro, depois de uma eventual eleição em 2º turno (30 de outubro). São elas: Recife (PE), Fortaleza (CE), Natal (RN), Aracaju (SE), Maceió (AL), Teresina (PI), São Luís (MA), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Macapá (AP), Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Belém (PA). Por coincidência, além de concentrar populações de baixa renda, as capitais (salvo as do Centro-Oeste) são redutos eleitorais de Lula.
BC turbina a economia
O Banco Central divulgou hoje o IBC-Br de junho. Depois de cair 0,3% em maio pelo 2º mês seguido, (a taxa foi revista de -0,1%), o índice, que funciona como uma prévia do PIB (calculado pelo IBGE), apresentou expansão surpreendente de 0,69% sobre maio (o mercado esperava 0,38%). O IBGE divulgará os dados do 2º trimestre no dia 1º de setembro.
Já na pesquisa Focus, apurada até 6ª feira junto a mais de uma centena de bancos, gestores de investimento e consultorias, e divulgada hoje pelo BC, a expectativa de inflação caiu mais uma vez para 7,02% (sendo que as previsões dos últimos 5 dias úteis ficaram pela 1ª vez abaixo de 7%, a 6,95%). Para 2013, o mercado reduziu de 5,38% para 5,34% as previsões do IPCA. O mercado considera que a Selic não sobe mais este ano (ficando nos atuais 13,75% ao ano) e fecha em 11% em dezembro de 2023. Já o PIB deste ano subiria 2% (1,99% nas previsões dos 5 últimos dias úteis). Para 2023 o PIB desaceleraria para 0,50% (0,45% nas últimas previsões).
O mercado está prevendo que da 0,19% no IPCA de agosto (a ser divulgado em 9 de setembro), sendo que as previsões dos últimos 5 dias úteis apontaram deflação de 0,20. Para setembro, o mercado espera alta de 0,58% (0,45% nos últimos dias úteis) e alta de 0,54% em outubro. Entretanto, como a inflação nos meses do ano passado foi bem maior, seria garantida a queda do IPCA.
A pressão vem dos alimentos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresentou hoje em São Paulo, em evento promovido pelo Instituto Millenium, dados sobre a inflação brasileira e dos países emergentes. A tendência é de alívio nos combustíveis, mas os alimentos continuam em disparada no “país celeiro do mundo”.