O OUTRO LADO DA MOEDA
Brasil, o 2º maior lucro do Santander
Publicado em 02/02/2022 às 12:56
Alterado em 02/02/2022 às 12:57
A banqueira espanhola Ana Botín, dona do Santander Wikimedia Commons
Mesmo com queda de 10,6% no lucro do 4º trimestre de 2021, que ficou em R$ 3,880 bilhões, contra R$ 4,340 bilhões no 3º trimestre, o lucro anual do Santander no Brasil (R$ 16,347 bilhões +7% sobre 2020 em reais e +21% em euros) foi o 2º maior em euros de toda a organização Santander no mundo (2,325 bilhões, 26,86% do total), perdendo por um milhão de euros para os 2,326 bilhões de euros da filial dos Estados Unidos, que teve aumento de 230% nos lucros e respondeu por 26,87% dos ganhos totais. A filial do Reino Unido lucrou 1,570 bilhão de euros (+288%) e garantiu 18,14% dos lucros.
O banco comandado por Ana Botin teve um lucro global de 8,654 bilhões de euros em 2021, dando a volta por cima após o prejuízo global de 8,771 bilhões de euros em 2020. O braço digital do grupo na Europa (Digital Consumer Bank), foi o 4º maior lucro da organização, com 1,332 bilhão de euros. A matriz, na Espanha, teve ganhos líquidos de 957 milhões de euros, com avanço de 85% sobre o ano anterior. A filial do México ganhou 835 milhões de euros (+8%).
Juros do Brasil são os 2º maiores
Entre os diversos quadros expostos pela matriz da Espanha, chamam a atenção os que apresentam os custos de captação dos depósitos nas diversas regiões em que atua o Santander e os custos cobrados nos empréstimos aos clientes. O Brasil só perde para a Argentina, que teve inflação de 50% no ano passado.
Os custos dos juros no mundo (% ao ano eu euros)
Região / Captação / Empréstimo
Europa 0,07% 2,0%
Estados Unidos 0,08% 6,42%
México 2,19% 10,39%
Brasil 4,57% 13,25%
Argentina 12,0% 23,33%
Não admira que diante de tais margens de juros, o Brasil seja tão rentável. E, também, que a inadimplência (morosidade ou atraso acima de 90 dias) seja a maior depois da Espanha. O Brasil tinha índice de 4,88%, contra 5,77% na Espanha. A 3ª maior inadimplência era no Chile (4,43%), Polônia e Argentina tinham 3,61%, Portugal, 3,44%. No México era de 2,73%, nos EUA, de 2,33% e no Reino Unido, de 1,43%.
No balanço em reais, a inadimplência das pessoas físicas na filial brasileira cresceu para 3,6%, enquanto o das pessoas jurídicas ficou em 1,3%, com média de 2,7% na carteira. Chama a atenção o índice de 5% nos atrasos de pessoas físicas entre 15 e 90 dias.
Exportações pesam menos que importações
A balança comercial de janeiro apresentou déficit de US$ 176 milhões. As exportações somaram US$ 19,7 bilhões, um avanço de 25,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, com destaque para os embarques de soja. As importações foram 24,6% superior ao registrado em janeiro de 2021 e atingiram US$ 19,8 bilhões, com destaque para os desembarques de combustíveis.
Ao analisar o resultado, o Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco espera que nos “próximos meses, o saldo comercial volte a ser positivo, diante do bom desempenho das exportações, que deve refletir a demanda global aquecida e os preços de commodities ainda elevados no curto prazo”.
As importações de óleo brutos de petróleo cresceram 420% na média diária, enquanto as de carvão, avançaram 335%. São questões pontuais, ligadas a contratos que envolvem termoelétricas movidas a óleo e carvão, autorizadas pelo presidente Bolsonaro no fim do ano passado, em meio à crise hídrica, e na contra mão dos compromissos na COP-26.
Mas as chuvas fortes que estão recompondo o nível das usinas hidroelétricas desde o fim de novembro, parecem ter afastado o risco de uso mais intenso de combustíveis fósseis. De qualquer forma, o que chama a atenção na balança comercial é que o Brasil (salvo os combustíveis) segue exportando bens primários e importando bens de maior valor tecnológico. Temos de exportar grandes volumes para poder compensar o alto custo unitário dos importados.