O OUTRO LADO DA MOEDA
Itaú X Bradesco: disputa no 'tie break'
Publicado em 04/08/2021 às 17:54
Alterado em 04/08/2021 às 17:56
Gilberto Menezes Cortes CPDOC JB
O Bradesco, 2º maior banco privado do país, divulgou na manhã desta 4ª feira, 4 de agosto, os seus resultados do 2º trimestre, com lucro líquido recorrente de R$ 6,319 bilhões, com queda de 3% frente ao 1º trimestre de 2021 e aumento de 63,2% sobre igual período de 2020. No 1º semestre, o lucro líquido recorrente foi de R$ 12.834 bilhões, avanço de 68,3% sobre o mesmo período do ano passado. O Banco do Brasil divulga seus resultados após o fechamento dos mercados.
À primeira vista, o Itaú Unibanco recuperou a medalha de ouro no pódio da lucratividade: R$ 6,543 bilhões no 2º trimestre e R$ 12,941 bilhões no 1º semestre. Entretanto, como a holding do Itaú Unibanco engloba as operações da América Latina (CorpBanca, que opera no Chile, Peru e Colômbia, mais filiais próprias no Paraguai, Uruguai e Argentina, que lucraram R$ 431 milhões), que responderam por 6,6% dos ganhos, o lucro líquido recorrente doméstico do Itaú (R$ 6,112 bilhões) perde para os R$ 6,319 bilhões do Bradesco, que não tem operações tão relevantes na AL.
Um exame dos dois balanços prevê uma disputa no “tie break”. O Itaú, como observou em seu balanço, teve encolhimento de 28,5 nos ativos após a cisão da XP Investimento em 31 de maio. Os ativos encolheram para R$ 2.065,7 bilhões, mas ainda superam os do Bradesco, de R$ 1.607,2 bilhões. Entretanto, o Bradesco superou o rival no montante de recursos administrados: R$ 2.593,2 bilhões, contra R$ 2.520 bilhões do Itaú Unibanco.
Após passarem por forte encolhimento na rede de atendimento durante a pandemia, com fechamento de agências e caixas com atendimento presencial, substituídos pelo reforço dos caixas eletrônicos e indução aos clientes para uso da internet via celular ou computadores, o Bradesco venceu o Itaú (incluindo o Personnalitè) em número de agências 3.168, contra 3.041 do Itaú, além de 3.880 postos de atendimento. Mas o Itaú revela ter 45.420 caixas eletrônicos, enquanto o Bradesco contabiliza 52.598, incluindo 23.872 caixas do Banco24 Horas. O Bradesco tinha 87.362 funcionários, contra 85.611 do Itaú Unibanco.
A carteira de crédito total do Itaú, incluindo AL, era maior que a do Bradesco, com R$ 909 bilhões, mas descontadas as operações na AL, cai abaixo dos R$ 726,4 bilhões do Bradesco, que liderava em empresas: R$ 440,8 bilhões, contra R$ 250 bilhões do Itaú, líder em operações com pessoas físicas, graças à sua liderança em cartão de crédito, com R$ 288,9 bilhões, contra R$ 285,6 bilhões do Bradesco.
A qualidade do crédito dos dois bancos era semelhante. A inadimplência total (operações com mais de 90 dias de atraso) do Bradesco era ligeiramente inferior 2,6% contra 2,7% do Itaú. A inadimplência era menor no Itaú entre as grandes empresas (0,3% a 0,4%), mas superior nas pessoas físicas: 3,6% a 3,4%. Nos atrasos das pequenas, médias e microempresas, o índice do 2º trimestre era igual: 2,6%, com escalada maior desde setembro no Itaú (1.4%, 1,7% em dezembro e 2,5% em março) que no Bradesco (1,9%, 1,9%, 2,6% e 2,6%, respectivamente).
O Itaú ganhou do Bradesco em receitas de serviços no trimestre (R$ 9,5 bilhões contra R$ 8,4 bilhões), mas perdeu nas receitas líquidas de seguros, previdência e capitalização (R$ 1,344 bilhão, contra R$ 1,574 bilhão da Bradesco Seguros). No 1º semestre, os lucros totais ficaram próximos (pois o Bradesco superou o Itaú no 1º trimestre, mas, novamente excluindo os resultados da América Latina, computados na holding Itaú Unibanco, o banco da Cidade de Deus sai vencedor.
Copom agora corre contra o rabo e o tempo
Ser engenheiro de obra feita é ruim, mas está cada dia mais claro que o Copom errou ao não ter sido mais assertivo na subida de juros em março. Surpreendeu o mercado retomando a alta da Selic, que estava em 2%, em patamares de 0,75 ponto percentual por três reuniões.
Mas a alta de empreendeu agora, de 100 p.p. já poderia ter antecipado os resultados benéficos na taxa de câmbio e produzindo menos impacto inflacionário nos preços das commodities exportadas (soja, milho, carnes, açúcar, café, algodão e celulose, minério de ferro e petróleo bruto) e nas importadas (derivados de petróleo e insumos industriais.
Paulo Guedes volta à Boate do Ali Babá
Carlos Lacerda passou tantos anos na oposição, que o uso do cachimbo fez a boca torta. Reclamava de falhas do próprio governo da Guanabara, como se ainda estivesse na trincheira da oposição. E era satirizado no humorístico “A Boate do Ali Babá”, na TV Tupi, no começo dos anos 60.
Paulo Guedes não fez por menos ao criticar o Ministério da Economia por não ter identificado o represamento de R$ 90 bilhões em sentenças de Precatórios já transitados em julgado, que agora pretende protelar em 9 anos.
Mas afinal, quem é o ministro da Economia que não lidera e cobra da equipe?
Itaú reduz para 0,2% alta do PIB no 2º tri
O movimento zero na produção industrial de junho, frente a maio, frustrando as expectativas do mercado (+0,2%) e do Itaú (+0,6%). A trava do setor automobilística, que recuou 3,8%, refletindo a falta de insumos industriais importados (o mercado mundial de chips vitais nos sistemas eletrônicos de ignição e elétricos, e nos próprios controles dos veículos) está afetando a produção industrial brasileira. A variação trimestral da indústria foi zero no 2º trimestre.
Assim, em função deste descompasso, o Departamento de Estudos Econômicos do Itaú reduziu de 0,3% para 0,2% a expectativa de variação do Produto Interno Bruto no 2º trimestre, com ajuste sazonal. Por enquanto, o Itaú não alterou a previsão de alta de 5,8% no PIB deste ano, uma das mais otimistas do mercado.