O OUTRO LADO DA MOEDA
Com IPCA de 6,5%, mercado prevê Selic de 7%
Publicado em 26/07/2021 às 18:11
Alterado em 26/07/2021 às 18:11
As ilusões foram desfeitas de uma inflação mais comportada neste 2º semestre. Com expectativas de alta em junho que vão de 0,87% na mediana semanal do mercado no Relatório Focus divulgado esta 2ª feira, 0,88% na visão da LCA Consultores, de 0,98% nas últimas previsões do mercado até 1,01% do Itaú, o mercado já dá como certo uma alta de 1% na taxa Selic para 5,25% na reunião do Copom do próximo dia 4 de agosto.
E o mais provável é que o ciclo de 1% se repita em setembro, com 0,75% em outubro, levando a Selic a 7% este ano.
Para a LCA “três grupos protagonizarão a aceleração do IPCA em julho: (i) Alimentação e bebidas, com destaque para os in natura (devido ao impacto do frio e das geadas, que se estenderá até agosto) e para as proteínas, (ii) Habitação, destacadamente pela majoração na cobrança da bandeira tarifária vermelha II em energia elétrica e (iii) Transportes, pela forte alta de passagem aérea. A consultoria observa que “por questões metodológicas (IBGE), a alta passagem aérea vista no IPCA-15 de julho (que subiu 1,07% em Transportes) será praticamente reeditada no encerramento deste mês, pressionando este grupo.
Os preços administrados no IPCA-15 de julho (+0,94%) estiveram abaixo da alta esperada pela LCA (+1,15%). Deste modo, a LCA fez “ leve revisão” na projeção para administrados em julho (de +1,57% para +1,47%), com destaque para taxa de gás de botijão, energia elétrica residencial, pedágio, gasolina e óleo diesel. Para 2021, o IPCA passou de +6,4% para +6,5%.
Dança das cadeiras
A falta de convicção do presidente Bolsonaro em topar uma negociação de composição política com o Congresso, através do Centrão, para evitar o “impeachment”, e seguir se fiando no fortalecimento do seu escudo de generais, ameaça dar o dito pelo não dito com relação à nomeação do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do maior partido do Centrão para a chefia da Casa Civil.
O posto, ocupado até 29 de abril pelo atual ministro da Defesa, general Walter Braga Neto, foi transferido na ocasião para outro general, Luiz Eduardo Ramos, que até então comandava a Secretaria de Governo, dada à deputada Flávia Arruba (PP-DF). Ramos, que é dos generais com mais ascendência sobre o presidente da República, depois do chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, foi surpreendido pela mudança anunciada 5ª feira, 22 de julho, por Bolsonaro, e se disse “atropelado por um trem”.
Durante o fim de semana, generais próximos ao presidente ponderaram – segundo o site Metrópolis - se não seria mais produtivo para Ciro Nogueira desempenhar a função de principal articulador político do governo na Secretaria-Geral, que também está situada no Palácio do Planalto, mas sem as obrigações burocráticas da Casa Civil (através da qual passam as nomeações do governo e atos que vão ser publicados no Diário Oficial da União).
O atraso no voo de retorno de Ciro Nogueira ao Brasil, quando decolaria de Cancun, no México, retardou a volta, obrigando a troca de avião e uma escala no Panamá. Assim, a reunião, esta manhã, entre Bolsonaro e seu futuro novo ministro ficou para a amanhã. Ciro só chegará ao Brasil no fim da tarde. Resta saber se o apetite de poder do presidente nacional do PP aceitará a pompa menor da Secretaria-Geral diante da Casa Civil.