O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Itaú vê PIB do Brasil maior (4%), mas no fim da fila

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Publicado em 07/05/2021 às 14:09

Alterado em 07/05/2021 às 15:21

Gilberto Menezes Cortes CPDOC JB

O Departamento de Estudos Econômicos do Itaú divulgou hoje (7 de maio) suas novas projeções para o crescimento da economia mundial e do Brasil, que aumentou de 3,8% para 4%. E o desempenho do país está mal na fita, ocupando as últimas posições na recuperação em 2021 e em 2022. A projeção para o PIB mundial este ano ficou inalterada em 6,3% (6,7% nos Estados Unidos, 8,5% na China e 4,9% na Zona do Euro).

As projeções para a Zona do Euro subiram de 4,5% para 4,9% este ano e de 4,2% para 5,2% em 2022. Na América Latina, onde o Itaú tem filiais em diversos países, o Brasil fica atrás, em 2021 e 2022 de todas as grandes economias locais. México teve pequena revisão para cima (de 5,1% para 5,2% este ano) e o Peru teve queda (de 10,7% para 10,2%).

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As causas da melhora

O Itaú Unibanco, que criou grupo especial para acompanhar a evolução da pandemia da Covid-19, dado o seu impacto na sociedade, na atividade econômica e no emprego, viu “sinais de arrefecimento da 2ª onda de coronavírus, em meio ao avanço da vacinação, sobretudo da população sob maior risco”. E considera que o seu “impacto econômico (...) está sendo significativamente mais moderado do que o observado na 1ª onda”.

O Banco considera que “os sistemas de saúde ainda estão pressionados, e há riscos relacionados ao “surgimento de novas variantes, à eficácia das vacinas e à chegada de insumos e imunizantes do exterior”, e ao baixo percentual da população vacinada com a 2ª dose.

Entretanto, com a “atividade econômica resiliente” e analisando melhor a movimentação do mercado de trabalho, que estaria melhor que do que sugerem os dados da PNAD Contínua, do IBGE, e do Caged (o banco criou um índice próprio, o IDAT), revisou para baixo as previsões da taxa de desemprego (de 14,3% para 12,7% ) em 2021.

Por isso, o Depec Itaú aumentou a projeção de crescimento do PIB de 2021 de 3,8% para 4,0% e manteve para 2022 a projeção de expansão em 1,8%.

Inflação de 5,3% pode superar a meta

O anúncio de nova alta da Selic em 0,75 ponto percentual em 16 de junho, após alcançar 3,50% ao ano esta semana (6 de maio), não alterou a projeção de que a Selic feche 2021 em 5,50% ao ano, e se mantenha até o fim de 2022.

É que o banco revisou a projeção de inflação em 2021 para 5,3% (ante 4,7%), incorporando preços mais altos de commodities agrícolas e bandeira tarifária vermelha 1 em dezembro.

Se ocorrer, esse índice de 5,3% vai superar o teto da meta de inflação de 2021, que é de 3,75% com flexibilidade de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, ou seja, 5,25%. Para 2022, manteve a projeção de 3,6%. Mas observa que “o principal risco para o próximo ano” [ano eleitoral] “é de desancoragem das expectativas de inflação dos agentes”.

O banco projeta déficit primário de 2,8% do PIB em 2021 e de 2,0% do PIB em 2022. Manteve a projeção de R$ 5,30 por dólar no fim de 2021 e de R$ 5,50 em dezembro de 2022. E considera que a alta da taxa Selic e os preços de commodities são forças importantes para apreciação do real no curto prazo, mas ainda há incertezas domésticas relacionadas à evolução da pandemia e da trajetória fiscal.

Lucros dos bancos continuam numa boa

O Brasil todo ralando. Milhões de desempregados e empresas fechando. As pessoas aflitas atrás de vacinas, que não chegam. O calendário sempre é modificado com previsões inferiores às promessas do ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello (até agora só 7,02% da população brasileira recebeu a 2ª dose, que é a que garante imunidade). Mas os lucros dos bancos continuam numa boa (como a poupança Bamerindus, lembram?).

Estudo da Economática mostrou que no 1º trimestre de 2021 o lucro consolidado dos 4 maiores bancos somou R$ 18,6 bilhões valor 35,2 % superior ao mesmo período de 2020.
O Bradesco registrou o maior lucro (R$ 6,153 bilhões + 73,8%) seguido pelo Itaú Unibanco (R$ 5,414 bilhões + 63%), Banco do Brasil ( R$ 4,226 bilhões + 44,7%) e Santander (R$ 2,816 bilhões – 25,4%).

Crise, que crise?

Parece até que o país não está às voltas com a 2ª onda da Covid-19 e se aproxima dos 420 mil mortos (em março eram 300 mil) e as famílias e empresas à míngua de crédito: o lucro consolidado dos quatro grandes em 2021 é o 2º maior para o 1º trimestre desde que a Economática incluiu o Santander no grupo).

Só perde para os R$ 19,9 bilhões do 1º trimestre de 2019.

Além da redução generalizada das provisões para devedores duvidosos, o grande ganho destes grandes bancos que têm muitos depósitos à vista, a prazo e de poupança veio da arbitragem de juros (em Tesouraria) dos bilhões liberados pelo Banco Central nos recolhimentos compulsórios sobre aquelas contas. No Itaú os ganhos de Tesouraria responderam por 25% do lucro total.