Inovações e tradições nos estilos masculinos

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Mistura de Yves Saint Laurent e Robert Mapplethorpe na coleção assinada por Anthony Vaccarello

A Alta Costura ruma para um espetáculo próximo de uma exposição de arte. Uma exceção foi a coleção Chanel, apresentando modelos inspirados nos trabalhos de Karl Lagerfeld: tailleurs, vestidos curtos, os tweeds, tudo bem parecido com o prêt-à-porter. Qual a diferença? O prêt-à-porter é industrial, feito em tamanhos 38, 40, 42, etc. A Alta Costura, além de ser quase toda feita à mão, é sob medida, com direito a provas no ateliê.

 

Os masculinos

Neste mês de janeiro tivemos os desfiles da Alta Costura e os masculinos para o inverno 2025/2026. Aí, tem novidade. As calças ficam mais largas, os paletós, menores. As cores continuam entre os pretos, cinzas e marrons - cumprindo a indicação das cores Mocha Mousse, pelo catálogo Pantone.

Em uma das grandes propostas, da grife Saint Laurent, o diretor de criação Anthony Vaccarello uniu novas experiências ao estilo de Yves Saint Laurent em suas coleções de Alta Costura e Rive Gauche, mais a influência do fotógrafo Robert Mapplethorpe, autor de belas fotos em preto e branco. Há botas longas de couro, inspiradas em botas de pescaria, casacos debruados de plumas. A sala do desfile foi na Bolsa do Comércio, com um grande lustre, lembrando os salões do Hotel Intercontinental, onde Saint Laurent costumava apresentar suas coleções.


Os diferentes

Paris recebe criadores de todas as partes do mundo. Um bom grupo veio de Lagos, na Nigéria. O Lagos Space Programme explora temas como vulnerabilidade, expressão própria com requintes modernos. Um dos líderes do Programa é Adeju Thompson que surpreendeu com uma consciência rock'n'roll, baseada no amor pela música, ao contrário da estética mais pesada normalmente ligada à África.

Da Índia veio Kartik Kumra, que apresentou a coleção no restaurante Delhi Bazaar, no 11º arrondissement (até hoje não sei como traduzir. Bairro? Região?). Normalmente é distrito. Kartik lembrou de Doshi e Husain, filósofos indo-modernistas. O resultado? Perfeição na alfaiataria e o deslumbrante trabalho manual das bordadeiras da Índia.


Esta não é estrangeira, é francesa. Mas pouco se fala da francesa Isabel Marant como autora de coleções completamente masculinas. Para o inverno no hemisfério norte ela indica o mesmo espírito livre e boêmio das criações femininas. O jeans é desbotado, com respingos de tinta, os tricôs são grandões, soltos, os anos 1970 estão nos modelos listrados e os 80, nos ombros exagerados das camisas douradas. Nas cores, o previsto: marfim, bege, cáqui e ferrugem. O preto tem contrastes com rosa.




E o clássico

Pelas fotos e vídeos, a coleção Zegna ficou entre os materiais clássicos, como os príncipes-de-gales e as novas silhuetas mais largas da alfaiataria. O desfile foi em uma reprodução de colinas, lembrando a natureza e lugares distantes como a Austrália. O nome da coleção, Vellus Aureum (em latim, fleece de ouro, alusão à peça da mitologia grega), representa o requinte dos fleeces, finos tecidos empregados. Zegna é um clássico com mais de um século de fundação, que mantém um estilo adotado por jovens.


Uma consultoria

Marcelo Borges é consultor brasileiro de moda masculina, veste celebridades e políticos. Ele responde a algumas dúvidas comuns dos elegantes:


O que é look passeio?

MB: calça e camisa social de manga comprida. Passeio completo é o terno usado com camisa e gravata. Atualmente a gravata pode ser dispensada;


O lugar chic da bermuda?

MB: para almoços, vale a bermuda com camisa pólo, ou melhor ainda, com camisa social de manga comprida ou estampada, de linho


De dia, o terno pode ser claro?

MB: Sim, de preferência bege ou cinza claro. Nunca branco, é cafona. A camisa destes ternos deve ser branca ou de listrinhas em marinho e branco.