Homem mata o que ama
O homem mata aquilo que ama. Um título estranho para uma coleção de moda masculina. Mas seja qual for o sentido, foi um show notável, assinado por Anthony Vaccarello para a linha masculina a Saint Laurent. A começar pelo local, a Neue National Gallery, projeto modernista de Mies van der Rohe, de 1968, obra-prima de aço e vidro, em Berlim.
A coleção, mesmo reunindo ideias de temporadas anteriores, tanto femininas, como masculinas e até da Alta Costura, tem o mérito da inovação. A mistura destas referências vem junto com as sugestões mais ousadas, que já circulam entre os homens mais antenados – celebridades, pessoal do k-pop, influencers _, como os ternos sem camisa ou com um top de cetim por baixo – olha a semelhança com a atual roupa feminina, que combina terninhos com tops tipo lingerie.
Uma lembrança das propostas do próprio Yves Saint Laurent é a permanência das estampas de poás e de leopardo, contrastando com a tradicional risca-de-giz. Muitos looks incluem um panejamento longo nas costas.
A silhueta pode ser forte, como nas jaquetas e paletós de ombros exagerados. Ou os ombros ficam à mostra, outra nostalgia de antigas coleções do mestre YSL, bem interpretada por Vaccarello.
Nem o smoking escapa da nudez. Em lugar da clássica camisa e gravata borboleta, ele é complementado por um top de cetim.
A impressão do nome da coleção continua misteriosa.Talvez o homem esteja querendo matar as camisas, as polos, as bermudas, que ele tanto ama. E vai ousar matar as tradições na vestimenta.