Couro sem estações
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Desde os anos 1980, quando Gloria Kalil abriu uma franquia da marca italiana Fiorucci na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, o couro deixou de ser usado apenas em jaquetas masculinas e saias femininas rústicas. A mudança aconteceu depois da compra de peças criadas por uma dupla de novos criadores, da marca Frankie Amaury. Minissaias douradas, casacos de corte ajustado, jaquetinhas macias e principalmente as mochilas franjadas viraram febre entre as adolescentes e colunáveis.
Dali em diante, a roupa de couro, em geral no chamois ou de cabra, não tem estação nem nesta cidade calorenta. Tanto que Carol Rossato, uma das designers brasileiras especializada nesta matéria-prima, já está em sua quarta loja, com vitrines no Leblon, Ipanema, São Paulo e agora no Rio Design Barra. Um bom momento para a garota que fez duas faculdades no Brasil, partiu para o Fashion Career College, em San Diego, California, onde trabalhou com a inglesa Zandra Rhodes. Voltando ao Brasil em 2002, foi mais uma revelação da Babilônia Feira Hype, tradicional celeiro de bons talentos (sempre bom lembrar da Farm, Via Mia, Constança Basto, Espaço Fashion, marcas que começaram nas tendas organizadas por Robert Guimarães e Fernando Molinari) e nos desfiles do Fashion Rio, produzidos por Eloysa Simão.
Neste fim de ano a nova loja exibe produtos como o longo prateado, as saias rendadas, vestidos bordados. Tudo em couro, cortado e trabalhado a laser! Nas peças menos festivas, as cores impressionam pelo tingimento vivo em tons de azul, verde, rosa ou mostarda da coleção Allumer (iluminar, em francês). Os preços começam em R$ 745 por um top, peça importante neste verão.
Na apresentação da marca, Carol define:
. “Minha trajetória foi uma grande experiência de aprendizado! Acho que nesses 20 anos não só evoluí como profissional, mas como pessoa também! Aprendi muito com meus colaboradores, clientes e fornecedores!”
Couros importantes
Modelos de coleção passada, por Patricia Viera: tudo em couro, inclusive o poncho branco (fotos Ines Rozario/ divulgação)
Além de Frankie Amaury, uma história que acabou mal, o Rio teve a participação do casal Pascale e Christian, europeus com estilo belga, autores de coleções de impecáveis modelos de alfaiataria nos anos 1980/90. A dupla voltou para a Europa, mas ainda há peças, como a saia preta no site Enjoei, por R$ 250. E a mestra do material, Patricia Viera, pioneira nas técnicas de recorte e modelagens que dão aos couros o visual de tecidos tão finos quanto o crepe e tão originais quanto os relevos de peles de cobras.