Moda e Estilo

Por Iesa Rodrigues

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IESA RODRIGUES

De novo, o metaverso

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Publicado em 01/05/2022 às 11:37

Alterado em 01/05/2022 às 11:37

Iesa Rodrigues JB

Volto a falar dele, o tema do momento, quando se fala em modernidades e evoluções. O metaverso ainda é um mistério para a maioria da humanidade, mesmo para o universo da moda e design, setores rápidos para absorver novidades.
Por enquanto, na moda, o que se entende é que significa comprar roupas e acessórios para usar nas mídias digitais. Provavelmente, haverá quem compre uma sandália da Melissa para fazer bonito no Instagram. Ou vai montar uma bela coleção de arte com obras virtuais. Mas não é bem isso: nos NFTs há valores de raridades (não fungíveis) nos produtos (tokens).

 

Macaque in the trees
Imagem de um lançamento da Metaverso Fashion Week (Foto: reprodução MFW)

 

 

Macaque in the trees
Modelo da marca Etro no Metaverso (Foto: reprodução MFW)

 

 

 

Uma Fashion Week

Nesta semana estreou a primeira Metaverso Fashion Week, na verdade 4 dias de desfiles online, exposições em telas, lançamentos de coleções de marcas desconhecidas ou famosas, como Tommy Hilfiger, Dolce & Gabbana, Etro. A plataforma Decentraland baseou o evento, criticado como meio sem pé nem cabeça por Will Gottsegen, repórter do site InfoMoney. Para ele, a moda seria o mercado perfeito para esta tecnologia "porque a lógica do mercado de tokens não fungíveis (NFTs) tem em sua base a indústria da moda. Antes do lançamento dos NFTs já havia tênis de edição limitada, posicionados mais como itens de colecionador do que roupas do dia a dia". Mas Gottsegen considerou um fracasso a MFW, pela falta de abrangência e o limite de interesse. Talvez por ter sido a primeira edição.

 

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A grife Balenciaga lançou coleção com o game Fortnite (Foto: reprodução)

 

 

 

Dos games para os pés digitais

Uma das primeiras manifestações do Metaverso foi no início da pandemia, com a parceria das plataformas especializadas com games como Fortnite e Minecraft. Podia ser um escape da situação de isolamento, jogar e conferir os figurinos das personagens. Mas atualmente há uma busca por ações mais concretas. Um exemplo é a Melissa, que bota no ar a coleção de versões limitadas de clássicos como ativos digitais, divididos em quatro categorias: rara, épica, mística e lendária. As bases são os modelos Beach Slide, Flip Flop Free, Possession, Flox e Stellar. Além de fazer sei lá o quê com estas propostas, quem comprar terá benefícios exclusivos, como cupons de descontos nas lojas físicas (ou ambientes físicos, como é mais correto definir), produtos físicos exclusivos e visitas imersivas ao universo Melissa. E a pergunta final: quanto custa um Beach Slide nesta versão digital? No site, o preço é R $1.700. Por uma sandália que não existe, como uma moeda criptografada, um bitcoin, uma obra de arte que fica trancada na parede de um colecionador.

 

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Beach Slide da Melissa (Foto: divulgação)

 

 

 

Próximo do consumidor

A Reserva não podia ficar de fora desta corrente. A Reserva X é o nicho de experimentação nas novas tecnologias. A primeira amostra, chamada de Drop, traz o famoso pica-pau em versão Artsy, um Toy-Art virtual, apelidado de Pistol Bird, ou um pica-pau nada fofo. A marca entende que o principal valor reside na tecnologia do blockchain e suas inúmeras possibilidades.


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O pica-pau Artsy da Reserva X (Foto: divulgação)

 

Pedro Cardoso, Diretor de Marketing Digital e Head de UX/UI da Reserva explica os objetivos:

“Para o nosso primeiro Drop de NFT, estreitamos laços com a comunidade e abrimos antecipadamente um canal no Discord com o objetivo de entender e dialogar com este público, construindo projetos que fizessem sentido para comunidade e gerassem valor. Compreendemos o NFT não como ativo financeiro para especuladores digitais, mas uma nova forma de vínculo e relacionamento com fãs da marca." A Reserva X conta ainda com a Lumx Studios, primeira startup brasileira focada em desenvolver experiências no Metaverso, para ser a parceira oficial de tecnologia.

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Bam-boo bar, da arquiteta Gisele Taranto na Casa Cor Rio 2022 (Foto: divulgação)


Agora, na casa

Também inaugurada nesta semana, em um belo casarão no Jardim Botânico, a Casa Cor Rio se inclui no Metaverso, através do bamboo bar , projeto da arquiteta Gisele Taranto. Vanda Klabin faz a curadoria da Metaverse Agency, apresentando uma exposição de trabalhos de doze artistas, executada pelo meta-arquiteto Fabio Ema, da MetaMundi. "Construímos a ponte para este futuro disruptivo que já é realidade nos mais diversos segmentos econômicos", comenta Steffen Dauelsberg, Co-founder da MetaMundi.

Enfim, aguardemos os próximos capítulos, enquanto nos acostumamos com sapatos que não calçamos, mas custam caro, exposições que não enfeitam paredes e figuras Artsy que contemplamos não ao olhar para as estantes, mas ao ligar as telas. São os modernos tokens, que prometem valer fortunas em breve, como figurinhas raras de um álbum de edição única. E vamos ao Metaverso, uma opção para deixar de pensar em pandemias, guerras e estragos no clima.

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