Moda e Estilo

Por Iesa Rodrigues

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IESA RODRIGUES

Estilo coragem

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Publicado em 20/10/2021 às 18:02

Alterado em 20/10/2021 às 18:23

Iesa Rodrigues JB

Coragem é um dos elementos básicos na moda. Produzir um evento em uma cidade fora do circuito fashion, em plena pandemia e sem marcas famosas, já seria uma ousadia. O que não é novidade para Claudio Silveira, organizador do Dragão Fashion Festival, em Fortaleza, há 22 anos.

 

Macaque in the trees
Desfile na Reserva Cultural de Niterói, durante o ID: Rio (Foto: divulgação)

 

Desde o começo, encantou a plateia com locações como o Centro Cultural Dragão do Mar, mesmo quando os ventos das praias derrubavam cenários. Conquistou pela qualidade das coleções, mesmo que com a maioria desconhecida, locais, muita gente nova competente. Em pouco tempo, o evento fora do eixo lançador tradicional (Rio/São Paulo), se tornou obrigatório para quem trabalhava com notícias de moda. E se transformou no melhor do país, até que a pandemia obrigou a uma parada.

 

Em Niterói

 

Esta mesma coragem trouxe Claudio para a realização do ID: Rio, visto em três dias (de 15 a 17 de outubro) no Reserva Cultural de Niterói. Com formato de desfiles, gastronomia e encontros em workshops e palestras, o festival mostrou novidades de moda praia. Não as marcas consagradas, como Lenny, Salinas, Blue Man, Haight: e sim coleções da Sal de Areia, AB, Pro Risca e Almah, quatro integrantes do Polo de Cabo Frio.

Desafiados o clima chuvoso, o frio ao ar livre e o habitual engarrafamento da ponte Rio-Niterói, desta vez por um caso de polícia (afinal, estamos no eixo Rio-Niterói), o saldo foi espetacular. Até para quem não esteve presente, justamente pela falta de coragem de sair, ainda que a vacina esteja reduzindo os riscos. O ID: Rio é uma esperança de volta à alegria de ver de perto as criações. E mais: um olhar para marcas pouco divulgadas, que sobrevivem nos vários polos de confecções do Estado do Rio.

 

O que importa

Um evento corajoso, um festival variado, etc. Mas o que mais interessa é a inovação. As quatro marcas passaram uma certa timidez na criação, até sem perceber os próprios méritos. Quem conhece o polo de Cabo Frio sabe a qualidade do trabalho de moda praia da cidade. Para o próximo verão de praias e piscinas mostraram desde os clássicos biquinis de lacinho até maiôs com recortes, ponto forte nas tendências, mais opções de saídas e tops para uso fora dos mergulhos. As sandálias e tamancos da Melissa complementaram.

 

 

Macaque in the trees
Calça clochard da AB (Foto: divulgação)

 

Macaque in the trees
Biquini mais suéter coral (Foto: divulgação)

 

Na AB, além dos biquínis, passaram belas calças clochard, pareôs estampados, uma ótima suéter coral.

 

 

Macaque in the trees
Maiô cavado, uma volta aos anos 1990 da Almah (Foto: divulgação)

 

Macaque in the trees
Lateral com tiras duplas no biquini usado com top (Foto: divulgação)

 

A Almah mostrou que o corte da calcinha cavada está de volta em maiôs estampados.

 

Macaque in the trees
Top e calcinha diferentes, com tiras cruzadas _ uso na praia e na cidade, no verão (Foto: divulgação)

 

Macaque in the trees
Maiô da Pro Risca, com alças diferentes, dentro das tendências internacionais (Foto: divulgação)

 

A Pro Risca propôs a atualidade do top de alças cruzadas, o maiô de alças diferentes e as estampas de feras, que continuam fortes.

 

 

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Saída estampada, que pode virar vestido sobreposto e duas-peças com hotpant, da Sal de Areia (Foto: divulgação)

 

Macaque in the trees
Biquíni montado com cobre-ombros, da Sal de Areia (Foto: divulgação)

 

E a Sal de Areia diversificou: do biquíni usado com cobre-ombros ao duas-peças rosa, além do maiô com recortes e fivelas.

 

Graças a quem

Como não basta ter boas roupas e organização eficiente para realizar um evento, o ID:Rio foi apresentado pela Enel Distribuição Rio, pelo governo do Estado, com a parceria com o Rio Moda Summit, promovido pelo Senac RJ. Os apoiadores: a prefeitura de Niterói, Melissa, Delfa, InovaOnze e Itabus.

 

Fala, Claudio Silveira:

 

Macaque in the trees
Claudio Silveira, organizador do ID: Rio (Foto: Davi Magalhães / divulgação)

 


1.Como você vê a diferença entre a moda praia do Dragão e a de Cabo Frio? Isto é, a de grifes do Norte/Nordeste e a do Rio?

A moda praia do Dragão tem uma pegada mais artesanal; continua tendo aquela pegada mais do Nordeste, com alguns adereços feitos à mão. E, fora essa pegada diferenciada, acho que a diferença maior é que Cabo Frio é muito básico e precisa de um pouco mais de bossa. A gente fez isso aqui no ID.

2.Quando a pandemia deixar, acredita na volta aos eventos presenciais e ao varejo físico? Ou as pessoas se acostumaram com a moda nas telas?

Eu acredito que vai ser dúbio. Não vai sair nunca mais das telas. Mas acredito que quem tiver coragem de se preparar para um grande cenário, para contar grandes histórias da moda, vai fazer com que nós tenhamos espaços físicos incríveis, com respeito a essa volta.

3. Sustentabilidade é mesmo um dos pilares da nova moda? Nunca vi tanto tecido. Tanto volume nas coleções!

Sempre foi. As pessoas não entendiam que era necessário ter sustentabilidade na sua empresa, no seu produto... Isso é muito importante não por estar na moda; é importante pro nosso planeta, pra tudo. Acho que deve ter cada vez mais.

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