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De Diego Alves a São Judas Tadeu

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O Flamengo começa a decidir hoje, contra o Corinthians, no Itaquerão, o destino de sua temporada – a última da atual administração. Se for eliminado na semifinal da Copa do Brasil, somente um (a esta altura bem mais difícil e improvável) título no Brasileiro impedirá que Eduardo Bandeira de Mello deixe a presidência visto como ótimo administrador de finanças e péssimo comandante no futebol.
Se conseguir a vaga, o rubro-negro mantém a esperança do cartola em colocar no currículo ao menos um bicampeonato de um torneio nacional – não o mais importante, mas o mais rentável, o que não deixa de ser coerente com seu currículo de sucesso nas finanças. Já na bola... A conferir, logo mais. Por não ter feito o dever de casa, no Maracanã, o Fla precisa vencer ou, em caso de novo empate, rezar para que Diego Alves ratifique a sua fama de pegador de pênaltis. É de bom alvitre também que São Judas Tadeu, padroeiro do clube, esteja atento. Com esse time, nada é sem muito sofrimento.


Quebra-cabeças rubro-negro
Qual será a escalação do Flamengo nesta semifinal da Copa do Brasil? Com a provável volta de Diego, mais uma atuação decepcionante de Henrique Dourado (contra o Atlético Mineiro) e a boa atuação do lateral-esquerdo Trauco (no mesmo jogo), abrem-se diversas possibilidades que, se bem exploradas, podem tornar o rubro-negro mais eficiente do que foi na primeira partida, quando houve empate em 0 a 0, no Maracanã.
Senão vejamos: é possível armar o meio-campo com Cuellar, William Arão (que vem subindo de produção) e Diego; avançando Lucas Paquetá para o comando do ataque ou para a ponta-esquerda (caso Dourado seja mantido como centroavante). Pode-se (eu diria, deve-se) também usar o Trauco como titular – ou na lateral, ou no ataque, pela esquerda, como o Vasco usa Pikachu, na direita. Nesse caso, Paquetá ficaria como centroavante e Dourado só entraria no final caso a decisão estivesse indo para os pênaltis.
São, enfim, várias possibilidades. Só espero que o estagiário não invente novamente jogadores como Matheus Sávio e Marlos Moreno – que só ele gosta. Se o fizer e acabar desclassificado, merecerá ser demitido no vestiário - embora, não acredite que o presidente candidato a deputado tenha peito de tomar tal atitude...

Alívio com preocupação
A importantíssima vitória do Vasco sobre o Bahia que, aliada à derrota da Chapecoense, tirou o time do Z-4, não deve iludir muito seus torcedores. O time dirigido por Alberto Valentim vinha sendo massacrado pelo adversário, em São Januário, até o lance isolado do pênalti, que provocou a expulsão do goleiro e a abertura do placar a seu favor.
Mesmo assim, cedeu o empate a uma equipe com um jogador a menos e penou até chegar ao gol da vitória, garantida ao final com sofrimento e pressão. O alívio momentâneo é incapaz de afastar a enorme preocupação quanto a um possível quarto rebaixamento, num período de apenas dez anos. O time é limitadíssimo tecnicamente e Valentim ainda está longe de encontrar uma formação que lhe garanta razoável rendimento.
O próximo jogo, amanhã, contra o Santos, é mais uma pedreira. Ainda mais sendo fora de casa.


Palmas para ele
Ao vencer a Chapecoense, na Arena Condá, o Fluminense abriu seis pontos para o Z-4 e colocou-se a oito do G-6, que vale uma vaga para a Libertadores. Não creio que consiga se classificar para a principal competição do continente, no ano que vem, mas caminha para espantar de vez o fantasma do rebaixamento – sua principal preocupação na temporada.
É inegável que Marcelo Oliveira está conseguindo ajeitar o time, apesar do desfalque do artilheiro Pedro, seu principal jogador. Bicampeão brasileiro, com o Cruzeiro, Marcelo acumulava fracassos desde que deixou a Toca da Raposa, mas parece estar se reencontrando nas Laranjeiras. Bom para o Flu e para o futebol brasileiro, que recupera um treinador sério e competente. O próximo jogo, com o Grêmio, no Nílton Santos, pode dar o impulso que falta ao tricolor carioca para um final de campeonato mais tranquilo.


Fenômeno solitário
Marta está para o futebol feminino do Brasil como Guga esteve para o nosso tênis. Faz sucesso graças apenas ao seu talento e ao trabalho individual que realiza, sem qualquer apoio da confederação brasileira. E o mais grave é que nossos cartolas são absolutamente incapazes de aproveitar tamanho sucesso para massificar e tornar competitivo seu esporte.
Foi assim que se desperdiçou o “boom” do tênis nos anos de ouro de Gustavo Kuerten (quando as escolinhas estavam lotadas de crianças querendo seguir os passos do seu ídolo) e da mesma forma se perde a oportunidade de capitalizar uma supercraque que supera até as marcas de Messi e Cristiano Ronaldo no esporte mais popular do planeta.
Parabéns para Marta! E pêsames para os cartolas da CBF e dos clubes, incapazes de criar condições para que surjam suas sucessoras.

Fim da picada
Era só o que faltava. A seleção do Paraguai, agora dirigida por Juan Carlos Osorio, vai desfalcar vários clubes brasileiros para... treinar! É óbvio que o problema maior continua a ser o fato de nossos campeonatos não pararem nas datas Fifa. Mas perder jogadores importantes para que apenas treinem com suas seleções é realmente o fim do mundo.