Sempre famosos!

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Atores de The Doors sob o sol californiano.

Sou apaixonado por livros, filmes e documentários biográficos, principalmente aqueles sobre músicos e histórias ligadas a música, seus personagens e fatos em geral. Estou sempre lendo e relendo biografias e revendo na TV alguns curtas, longas e documentários, algo que tenho feito muito ultimamente porque ando cansado das modorrentas partidas de futebol e da quantidade inacreditável de filmes ruins que estão sendo lançados e reprisados. Aproveito, então, para destacar nessa coluna as dez produções, entre documentários e filmes nacionais e internacionais, que estão entre os meus preferidos e que sempre revisito.
Aqui estão eles!

Nacionais

“1972” (2006), de José Emílio Rondeau: Quando a dupla de jornalistas José Emilio Rondeau e Ana Maria Bahiana resolveu contar um pedacinho da história de um dos anos mais emblemáticos da década de 1970, e que dá título a este delicioso filme que mistura romance juvenil com música, os dois certamente sabiam que seria imensamente complicado resumir o turbilhão de emoções e fatos que viveram em sua juventude, em um Rio de Janeiro ensolarado, festivo, agitado e amordaçado pelo regime militar.

“Loki” (2009), de Paulo Henrique Fontenelle: “Loki” talvez seja o melhor documentário sobre um artista da música a que assisti até hoje, incluindo os de produção estrangeira contando as vidas de astros internacionais. Perfeita do início ao fim, a obra mostra de forma dura e crua a ascensão e queda do gênio que foi Arnaldo Baptista, que, se não fosse o seu declínio da saúde física e mental, seria muito maior do que foi durante os poucos anos que esteve criando e produzindo.

 

 

“Cazuza: o tempo não para" (2004), de Sandra Werneck e Walter Carvalho: Com seus altos e baixos, o bom filme conta um pouco da vida do maior astro do rock nacional nos anos 1980 e emociona os seus fãs e toda uma geração que amou Cazuza de forma incondicional. O longa conta com interpretações soberbas de Daniel Oliveira, que encarnou o cantor, e de Marieta Severa como Lucinha Araújo, a mãe carinhosa, sempre presente e paciente.

“Raul: o início, o fim e o meio” (2012), de Walter Carvalho: Documentário espetacular sobre a vida de Raulzito. Cheio de depoimentos importantes que explicitam a genialidade e todas as glórias, fama, insucessos e o fim trágico de um dos mais importantes artistas do rock nacional. Direção impecável do mestre da fotografia de cinema, Walter Carvalho.

“Tim Maia” (2014), de Mauro Lima: Assim que terminei de ler a biografia de Tim Maia, “Vale Tudo”, encontrei seu autor, Nelson Motta, meio perdido entre as prateleiras de uma livraria de Ipanema. Semanas antes, eu havia estado com ele para uma entrevista em seu apartamento, no mesmo bairro, mas, como ainda não tinha terminado a leitura naquela ocasião, nada comentei, o que acabei fazendo nesse encontro fortuito na livraria. Elogiei o que havia acabado de ler e afirmei que o Tim merecia um filme, o que acabou acontecendo anos depois, com roteiro baseado no livro do Nelsinho. O longa, como o livro, é estupendo, com ótima direção de Mauro Lima, produção caprichada e com atuações impecáveis dos atores Babu Santana e Robson Nunes que interpretam o cantor.

 

Internacionais

“The wall” (1982), de Alan Parker: Após o estrondoso sucesso do álbum duplo “The wall”, lançado em 1979, o Pink Floyd resolveu jogar também para a tela a história que saiu da mente genial e conturbada de Roger Waters, que misturou o seu passado na infância sem a presença do pai, morto na Segunda Guerra Mundial, e os conflitos de um rock star deprimido e cansado de sua vida pessoal e artística. Assisti ao filme assim que foi lançado, em 1982, em um cinema da praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e o impacto foi o mesmo de quando o álbum – o meu preferido da espetacular discografia da banda inglesa – aterrissou pela primeira no meu velho toca discos.

“Stones in exile” (2010), de Stephen Kijak: Para a gravação do seu clássico álbum “Exile on Main St.”, os Stones, em 1972, fugiram dos altos impostos da Grã-Bretanha e de divergências com empresários, e decidiram se enfiar em uma mansão do guitarrista Keith Richards no sul da França, abastecendo-se de doses cavalares de drogas e bebidas, acompanhados de técnicos de som, e, claro, de mulheres. O ótimo documentário conta tudo, ou quase tudo, com detalhes, das gravações no porão e das bebedeiras nos salões do andar de cima e, claro, nos quartos.

“The Doors” (1991), de Oliver Sone: As escolhas do americano Oliver Stone para a direção e do ator Val Kilmer para interpretar o mítico Jim Morrison, do The Doors, foram decisivas positivamente para o resultado do ótimo longa-metragem sobre a banda americana, tendo como figura central o seu vocalista. Como qualquer cinebiografia, “The Doors” apresenta problemas com a cronologia dos fatos históricos e de acontecimentos que envolveram a banda e Morrison, tendo recebido fortes críticas de Ray Manzarek, tecladista da banda, para quem o filme resumiu Morrison como um bêbado maluco e chapado.

“Quase famosos” (2000), de Cameron Crowe: Filme escrito e dirigido por alguém que viveu intensamente o cenário rock and roll dos anos de 1970. O protagonista é um menino que, ainda na puberdade, apaixona-se pelo rock e dá os primeiros passos na carreira de jornalista musical. O longa-metragem narra, na verdade, a história do próprio diretor Cameron Crowe, que resolveu misturar momentos de seu início como repórter da famosa revista americana Rolling Stone com situações fictícias, com base em fatos reais que ele próprio presenciou, do cotidiano que envolvia músicos e fãs que se encontravam e se relacionavam em suas agitadas e festivas vidas na estrada, nos palcos e nos hollidays inn.

 

 

“Rocketman” (2019), de Dexter Fletcher: O que “Bohemian rhapsody”, a cinebiografia do Queen, de 2018, tem de ruim, “Rocketman”, baseada na vida do cantor e pianista inglês Elton John, lançada no ano seguinte, tem de bom, apresentando um precioso roteiro ilustrado por uma fantástica viagem visual e musical de um gênio. Dirigida de forma esplêndida por Dexter Fletcher, que, aliás, foi substituído por Bryan Singer no início das filmagens de “Bohemian Rhapsody”, “Rocketman” é um maravilhoso musical, quase disfarçado de um filme convencional, que narra um pouco da louca vida pessoal, sentimental e artística de Elton John.